|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
NEGÓCIOS À PARTE
Apesar da retórica, comércio entre Venezuela e EUA sobe
SIMON ROMERO
DO "NEW YORK TIMES", EM CARACAS
"O capitalismo vai levar à
destruição da humanidade",
disse o presidente Hugo
Chávez neste mês em discurso no Vietnã, em viagem que
incluiu escalas no Irã e em
Belarus. Os EUA, acrescentou, são "o demônio que representa o capitalismo".
Apesar da hostilidade, o comércio entre a Venezuela e
os EUA vem aumentando.
As exportações petrolíferas da Venezuela representam a parte maior desse comércio -o país é o quarto
maior fornecedor dos EUA.
Movido em grande parte pelo petróleo, o comércio bilateral teve aumento de 36%
em 2005, chegando a US$
40,4 bilhões, o crescimento
mais acelerado entre os 20
maiores parceiros comerciais dos EUA, de acordo com
a WorldCity, uma empresa
de Miami que acompanha o
comércio externo dos EUA.
Mas as empresas americanas também vêm se beneficiando, já que a demanda venezuelana por produtos
americanos como automóveis, equipamentos de construção e computadores vem
crescendo, subindo de
US$4,8 bilhões para US$6,4
bilhões no ano passado.
O crescimento recente se
dá apesar dos esforços de
Chávez para redirecionar o
comércio da Venezuela para
países que ele vê como tendo
mais afinidades com o seu.
Chávez fez acordos com Cuba e Bolívia. Carros chineses
já podem ser vistos em showrooms de Caracas. Tratores iranianos saem de uma
nova linha de montagem.
Washington, por sua vez,
procura cortar as vendas por
terceiros de armas americanas à Venezuela.
Mas alguns dizem que os
dois países estão interligados
a tal ponto que dificilmente
qualquer disputa poderia
desfazer esses vínculos. "Os
EUA é o maior parceiro comercial da Venezuela há um
século", diz Robert Bottome,
editor do boletim de negócios "Venecomia".
Crescimento
As exportações venezuelanas não petrolíferas para os
EUA aumentaram 116% nos
três primeiros meses do ano,
segundo o Instituto Nacional
de Estatísticas. A Venezuela
também tem laços estreitos
com bancos de Wall Street
-o Morgan Stanley e o Crédit Suisse aconselharam os
governos venezuelano e argentino sobre a venda de
US$ 2 bilhões em títulos.
A economia venezuelana
cresceu 9,4% no primeiro
trimestre deste ano, o que está levando muitas empresas
americanas a aumentar seus
lucros. Companhias de serviços petrolíferos, como a Halliburton, símbolo da rejeição do governo venezuelano
à política externa americana,
estão na linha de frente dessa
interdependência. Com dez
escritórios e mil funcionários na Venezuela, a Halliburton venceu uma licitação
de assistência à Petrozuata,
uma joint venture entre a estatal petrolífera venezuelana
e a ConocoPhillips.
Ao mesmo tempo, o governo venezuelano freqüentemente se manifesta contra o
poder das multinacionais. A
Chevron disse que neste ano
a reorganização do setor petrolífero venezuelano deve
reduzir sua produção em 90
mil barris por dia.
Chávez também vem fazendo críticas a empresas
americanas de softwares, como a Microsoft, e um decreto
dele estabeleceu que os gabinetes governamentais comecem a utilizar alternativas
como o sistema operacional
Linux. Mesmo assim, a demanda pelos produtos americanos continua grande. A
General Motors, a Ford e outras montadoras de veículos
vêm se esforçando para satisfazer a demanda crescente; suas vendas em julho foram 28% superiores às de julho do ano passado.
Tradução de CLARA ALLAIN
Texto Anterior: Morales acusa antecessor de traição; pena chega a 30 anos Próximo Texto: Avião vindo de Londres é desviado nos EUA Índice
|