São Paulo, segunda-feira, 17 de setembro de 2007

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Fuso horário é a 1ª alteração para escola venezuelana

Chávez anuncia atraso de relógios em meia hora para que estudantes não precisem acordar antes do raiar do sol

Mudança educacional prevê currículo com temas como "capitalismo como forma de dominação" e irá atingir também escolas privadas

Associated Press - 8.set.07
Hugo Chávez brinca com crianças na reunião de seu partido


FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

Com uma enorme gafe de seu irmão ministro, o presidente Hugo Chávez oficializou ontem a mudança do horário do país em meia hora a partir da próxima segunda-feira. Com isso, a Venezuela passará a ter um horário único. O objetivo declarado é que os estudantes acordem para ir à escola com a luz do sol.
"Vamos mudar a hora. Estão zombando de mim, eu nem sequer sou o culpado. Recomendaram a mim, e eu disse: "Sim, gosto da idéia'", disse Chávez em seu programa de TV Alô, Presidente. "A mim não importa que me chamem de louco, a nova hora vai."
Em seguida, Chávez deu a palavra ao seu irmão Adán. Ao explicar a mudança, o atual ministro da Educação se confundiu e disse que os venezuelanos teriam de adiantar o relógio em meia hora, quando o correto é atrasar o horário.
Induzido ao erro, Chávez repetiu três vezes, em tom didático, a orientação de avançar o relógio em meia hora. Só mais ao final do programa o presidente venezuelano leu um bilhete escrito por Adán corrigindo a informação.
O ministro de Ciência, Hector Navarro, disse recentemente que as crianças se levantam muito cedo para ir à escola, prejudicando o rendimento. "Trata-se de um efeito metabólico, o cérebro humano está condicionado à luz do sol."

Só o começo
O fuso horário (uma hora e meia a menos do que Brasília) é a novidade mais visível das mudanças para o novo ano escolar, que começa hoje na Venezuela. Em declarações recentes, Adán Chávez disse que é o início de um plano de cinco anos que promete reformular todo o sistema educacional, inclusive o privado.
"Eliminaremos os métodos de memorização, os punitivos, o ensino fragmentado. Tem de ser uma educação participativa, com métodos novos, que levem à análise crítica e à formação do homem novo de que este país necessita", disse, em entrevista ao jornal "El Nacional".
O ponto mais polêmico se refere ao novo currículo. Uma versão preliminar da proposta, vazada à imprensa na semana passada, inclui, para o ensino médio, "o capitalismo como forma de dominação no mundo" e a "nova doutrina humanista bolivariana socialista".
Adán disse que se encontrará com as escolas privadas para discutir a implantação do currículo "bolivariano": "Não queremos que fechem os colégios [privados], mas fazer acordos para que também implantemos lá o currículo".

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