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Perda com furacão frustra promessa de Raúl
Estragos deixados pelo Gustav e pelo Ike em Cuba põem em risco melhora material cuja expectativa ajuda a amparar atual governo
Governo cubano avalia prejuízos em pelo menos US$ 5 bilhões e pede aos EUA suspensão temporária
de embargo durante crise
DA REDAÇÃO
Pouco mais de seis meses depois de Raúl Castro assumir
oficialmente o governo de Cuba
-substituindo seu irmão Fidel,
afastado por problemas de saúde-, dois furacões deixaram
em ruínas suas promessas de
melhorar "a vida material e espiritual" do povo.
Em duas semanas, os furacões Gustav e Ike causaram
destruição catastrófica nas
duas pontas da ilha, e varreram
grande parte do território que
as separa.
Já estavam começando a surgir desgastes na economia cubana, dependente de importações, antes das tempestades.
O governo desacelerou o investimento e suspendeu o pagamento de suas dívidas com
alguns países e fornecedores
nos últimos meses, solicitando
que elas fossem reestruturadas
ante a alta dos preços dos combustíveis e dos alimentos e de
um declínio significativo nos
preços do níquel, principal exportação cubana.
A ilha, que vive sob o regime
comunista e um embargo econômico imposto pelos Estados
Unidos em 1962, não é membro
do Fundo Monetário Internacional, do Banco Mundial nem
de nenhuma outra instituição
multilateral de empréstimos da
qual os EUA participem.
"A melhora material era planejada como fonte essencial de
legitimidade para o governo de
Raúl, e, caso ele não se prove
capaz de cumprir essa promessa, por qualquer que seja a razão, isso representaria problema muito mais sério para o seu
regime do que seria caso Fidel
ainda estivesse no poder", disse
Bert Hoffman, especialista em
assuntos latino-americanos do
Instituto Alemão de Estudos
Globais e Regionais.
Perdas de US$ 5 bilhões
O Partido Comunista Cubano permitiu pela primeira vez
que organizações não-governamentais de assistência ocidentais e agências de emergência
da ONU trabalhassem no país.
Cuba está recebendo assistência de dezenas de países, e as
estimativas quanto ao valor dos
danos causados pelas tempestades foram avaliadas por Havana ontem em US$ 5 bilhões, o
equivalente a 10% do Produto
Interno Bruto da ilha.
Os EUA continuam resolutos
quanto ao amargo confronto
que opõe os dois países há quase 50 anos, e Washington exige
o direito de inspecionar os danos. Cuba rebate alegando que
deseja apenas comprar suprimentos de emergência norte-americanos e receber crédito
de fontes privadas para adquirir alimentos, e que as restrições às viagens de cidadãos
norte-americanos de origem
cubana ao país e às remessas de
dinheiro aos seus parentes na
ilha sejam suspensas.
Raúl Castro está mantendo a
discrição desde o início da crise, e aparentemente vem comandando o país pelo telefone.
Ele enviou Ramón Machado
Ventura, seu segundo no comando, para avaliar os danos e
estimular os esforços de recuperação.
"Precisamos economizar e
usar tudo que pudermos recuperar na reconstrução, incluindo os pregos", disse Machado.
Segundo o governo cubano,
os furacões danificaram cerca
de 500 mil casas e muitos milhares de outras edificações,
bem como as empresas de infra-estrutura e redes de telecomunicações e destruíram boa
parte das safras.
Com "Financial Times" e agências internacionais
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