São Paulo, Domingo, 17 de Outubro de 1999
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HORA DA DECISÃO
Duhalde, candidato governista, tenta reconquistar peronistas para levar pleito ao segundo turno
Eleição argentina entra na reta final

ANDRÉ SOLIANI
VANESSA ADACHI

de Buenos Aires

A uma semana das eleições presidenciais argentinas, o Partido Justicialista (PJ) faz sua última aposta para tentar mudar o cenário previsto pelas pesquisas de opinião pública, que apontam sua derrota no primeiro turno.
Eduardo Duhalde, candidato do PJ, espera, até o próximo domingo, reconquistar a lealdade dos peronistas e ganhar os votos indecisos.
Enquanto isso, Fernando de la Rúa, candidato da coalizão de oposição Aliança, favorito, mantém o estilo que marcou sua campanha: tedioso, como ele mesmo se define. Fala pouco e evita o confronto.
Perto do fim da campanha, Duhalde percebeu que não havia conseguido o apoio dos tradicionais eleitores peronistas, que historicamente são, pelo menos, 35% do total. Segundo a última pesquisa do Gallup, ele tem 31% das intenções de voto.
Para atrair os dissidentes, Duhalde buscou o apoio dos governadores justicialistas recém-eleitos das duas principais Províncias depois de Buenos Aires, Carlos Reutemann, de Santa Fé, e José Manuel de la Sota, de Córdoba.
Ontem à noite, o PJ organizou o comício "lealdade peronista", que deveria começar após o encerramento desta edição. O evento coincide com importante data do peronismo. Na praça de Maio, em Buenos Aires, Duhalde quer rememorar o célebre 17 de maio de 1945, quando milhares de argentinos pediram a libertação de Juan Perón, fundador do partido.
Além do resgate do peronismo, o comitê do PJ está de olho nos eleitores indecisos e naqueles que já escolheram seus candidatos sem convicção. Os indecisos, segundo o Gallup, são 10% do eleitorado. Outros 13% a 15% dos eleitores não estão convencidos de sua escolha e podem mudar de lado na última hora, afirma Rosendo Fraga, reconhecido analista político argentino.
Mas, para os principais institutos de pesquisas da Argentina, a estratégia tediosa de De la Rúa será vencedora. "O candidato da Aliança vencerá no primeiro turno", disse Marita Carballo, diretora do Gallup, anteontem. Para Roberto Bacman, "apenas um grande evento poderia mudar o rumo da eleição".


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