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O GOVERNISTA
Argentina: continuidade e renovação
EDUARDO DUHALDE
especial para a Folha
Sou o candidato a Presidente da
Argentina do Partido Justicialista.
Após ter acompanhado o Dr. Carlos Menem como vice-presidente
entre 1989 e 1991, governei a Província de Buenos Aires durante os
últimos oito anos. Ela é a principal Província argentina, concentra quase 40% da população, da
produção e das exportações. De
83 a 89 seu Produto Interno Bruto
(PIB) havia caído cerca de 5%, e
consegui fazê-lo crescer 49%.
Governei com equilíbrio e solvência fiscal. Consegui incrementar a arrecadação fiscal e reduzir
os impostos para a produção. Segui uma política de privatização
orientada por critérios próprios.
Consegui reduzir a dívida pública
e durante minha gestão o investimento público superou todos os
recordes históricos.
Durante meu governo, apoiou-se o crescimento das pequenas e
médias empresas, duplicou-se o
investimento em educação e implementou-se uma profunda reforma educativa. Tudo isto, colocando os organismos de controle
dos atos do governo nas mãos da
oposição política.
Um dos eixos de meu governo
foi a assistência aos mais necessitados. E, durante a última etapa,
encarei com força as chamadas
reformas de segunda geração,
que, sem dúvida, serão continuadas por quem me suceder.
Esses antecedentes são minha
principal carta de apresentação.
Minha proposta de governo tem
como eixo um diagnóstico da crise que o país atravessa como resultado da chegada sucessiva de
quatro crises externas.
O principal resultado dessas crises foi um incessante aumento do
desemprego e do subemprego,
tornando o trabalho a principal
demanda dos cidadãos.
Fiz dessa demanda o principal
eixo de minha campanha.
A Argentina só poderá sair da
crise defendendo as conquistas da
gestão anterior: a convertibilidade monetária e a estabilidade, a
produção e o trabalho. Por sua
vez, a proposta elevará a competitividade das empresas e melhorará a distribuição de renda.
Com ela vamos produzir um
choque produtivo, que, dada a
enorme capacidade de reação que
a economia argentina provou ter,
fará com que os índices de desemprego baixem drasticamente nos
próximos anos.
Mas a recuperação é muito mais
que um pacote de medidas para
sair de uma conjuntura recessiva.
É uma nova forma de governar na
nova realidade mundial que nasceu após a aplicação das receitas
de ajuste macroeconômico. A
prova de seu êxito foram Chile,
Holanda e Espanha.
São propostas claras e factíveis.
Já estão sendo debatidas no Congresso. A profundidade da crise
faz com que a adoção das medidas não possa esperar até que o
próximo governo assuma.
A Argentina teve uma política
de relações exteriores errática e
circunstancial. É preciso que as
forças políticas mais representativas estabeleçam ações no curto e
no médio prazo e que elas sejam
assumidas como um compromisso nacional.
São indispensáveis os
seguintes
pontos:
A revitalização das Nações Unidas
como agente
para conseguir uma democracia
mundial que
garantisse os
princípios básicos de
não-intervenção e respeito
à vontade soberana dos
Estados.
A inclusão
da América
Latina de forma permanente no Conselho de Segurança.
A continuidade e o aprofundamento da aliança estratégica cristalizada no Mercosul. A formação
de um grande pólo de poder político, de desenvolvimento econômico e de crescimento cultural
autônomo em nossa América Latina, utilizando essa aliança regional como ponto de partida.
Estou convencido de que a relação de amizade com os Estados
Unidos, a maior potência do Ocidente, deve ser entendida como
um bem adquirido e vou impulsioná-la o quanto for possível.
A sensível melhoria das relações
com o Reino Unido deve ser incrementada. A Argentina avançou muito na política referente às
ilhas Malvinas. É preciso avançar
no tema pendente da soberania
argentina sobre as ilhas por meio
de uma diplomacia ativa.
Finalmente, a tradicional diplomacia de cooperação e amizade
da Argentina para o mundo deverá estender-se a uma diplomacia
continental mais ativa, sobretudo
no que concerne ao desenvolvimento de nossa cultura e identidade regional latino-americana.
Eduardo Duhalde, governador da Província
de Buenos Aires, é candidato à Presidência
pelo Partido Justicialista.
(IPS)
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