São Paulo, quarta-feira, 17 de outubro de 2001 |
Próximo Texto | Índice
EUA mudam tática em nova fase da ofensiva
Avião das forças especiais entra pela 1ª vez no conflito; modelo de precisão ataca a baixa atitude DA REDAÇÃO A operação militar liderada pelos EUA contra alvos no Afeganistão entrou ontem em uma nova etapa, com a primeira ação confirmada de forças especiais no conflito. Além disso, a coalizão anglo-americana realizou o mais duro ataque aéreo, com mais de cem aviões atacando de dia e à noite, e que resultou na destruição de um prédio da Cruz Vermelha em Cabul (leia texto abaixo). Foram utilizados aviões AC-130, especializados em atacar tropas no solo em vôo a baixa altitude. Como eles são operados pelas forças especiais, fica a expectativa sobre o uso de tropas dessas unidades, que agem de forma infiltrada e em grupos com objetivos específicos -como matar ou capturar o líder do Taleban, mulá Muhammad Omar, ou o terrorista Osama bin Laden. Não há registro sobre o paradeiro dessas tropas, que somam cerca de 45 mil à disposição da ofensiva dos EUA. Elas poderiam ser deslocadas de bases no Paquistão, Uzbequistão ou Tadjiquistão, mas nenhum dos envolvidos confirmaria uma eventual ação agora. Segundo o Pentágono, os modelos AC-130 entraram na guerra em ação sobre Candahar, onde dois complexos militares do Taleban foram atingidos. "Era noite, e não podíamos ver os aviões, mas não tinham o mesmo som dos caças e dos bombardeiros", disse à agência ""France Presse" um morador de Candahar, que comparou o barulho dos AC-130 com o de helicópteros. "Agora temos a impressão que as bombas chegam de todas as direções." Segundo a agência islâmica afegã "AIP", os ataques sobre a cidade foram tão intensos que bairros inteiros foram envolvidos por nuvens de poeira. A "AIP" informou que a ofensiva em Candahar matou 13 pessoas e feriu 22 -não há confirmação independente desse dado, e o Pentágono vem chamando de mentirosas as declarações do Taleban sobre vítimas. O AC-130 normalmente é usado para acompanhar ataques por terra; o uso do modelo, mais vulnerável a ataques antiaéreos, indica que os EUA estão confiantes em relação à falta de capacidade de reação das tropas do Taleban. Mazar-e-Sharif Outra cidade afegã atacada pelos EUA ontem foi Mazar-e-Sharif, onde duas pessoas morreram, segundo o Taleban. A Aliança do Norte, coalizão de rebeldes anti-Taleban, afirmou que está prestes a tomar a cidade, a mais populosa do norte do Afeganistão. A afirmação da Aliança do Norte foi confirmada pelo general Gregory Newbold, diretor de operações do Estado-Maior dos EUA. "O Taleban corre o risco de ser expulso dentro de pouco tempo", declarou o general, acrescentando que a ocupação física depende da ação dos rebeldes. O Taleban diz não estar ameaçado na região. A entidade de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional criticou ontem o fornecimento "descontrolado" de armas ao Taleban e à Aliança do Norte. Segundo a Anistia, "até hoje, Taleban e Aliança do Norte têm sido fortemente armados por governos estrangeiros que não levam em conta o espantoso passado desses grupos de desrespeito aos direitos humanos". Com agências internacionais Próximo Texto: Líder taleban é alvo prioritário Índice |
|