São Paulo, quarta-feira, 17 de outubro de 2001

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DRAMA

Diálogos entre torres e aviões sequestrados dão visão inédita dos atentados de 11 de setembro

Registros de vôo revelam o terror

DO "THE NEW YORK TIMES"

O vôo 11 da American Airlines silenciara misteriosamente. O controlador de vôo tentou várias vezes restabelecer contato. Ninguém respondia. Então ele ouviu uma voz que vinha da cabine dizer: "Nós temos alguns aviões. Fiquem quietos que nada acontecerá a vocês. Estamos voltando para o aeroporto".
Confuso, o controlador de vôo perguntou: "Quem está tentando falar comigo?". Ninguém respondeu. Então ele ouviu a mesma voz outra vez: "Ninguém se mexa, por favor. Não tentem fazer nenhuma bobagem".
A voz do homem que falava na cabine aparecia na mesma frequência usada por pilotos e controladores de tráfego aéreo.
Não se sabe por que isso ocorreu. Ou o homem acreditava simplesmente falar com os passageiros ou alguém da tripulação havia ligado o microfone do rádio. Mas o fato é que aquela voz foi o primeiro sinal do horror no dia 11 de setembro.
Transcrições dos diálogos entre pilotos e controladores de vôos, obtidas pelo "The New York Times", mostram como o terror foi sendo revelado nas cabines dos aviões e nos centros de controle. Juntamente com entrevistas e outros documentos, oferecem visão inédita sobre como, minuto a minuto, a rotina de uma manhã como outra qualquer se turvaria em meio à confusão e ao horror.
O primeiro sinal de sequestro surgiu do vôo 175 da United Airlines, que partira de Boston rumo a Los Angeles. Pouco depois de o avião decolar, a torre pediu ajuda a outros pilotos para descobrir onde estava o vôo 11, que desaparecera.
Pouco depois, o vôo 11 alcançava a torre norte do World Trade Center. Os repetidos pedidos do controlador de vôo para que o 175 respondesse encontravam apenas um terrível silêncio. O 175 se transformaria em poucos minutos no próximo elemento-chave da tragédia.
Às 8h53, depois que o vôo 175 rasgava os céus na direção sul do vale do Hudson a 500 milhas por hora -mais do que o dobro da velocidade permitida-, a realidade se tornava clara para a torre de comando em Long Island.
Momentos antes de o primeiro avião atingir o World Trade Center, um controlador de vôo tentava entrar em contato com o vôo 77 da American Airlines.
O avião havia decolado do aeroporto de Dulles, nos arredores de Washington, em direção a Los Angeles. O piloto confirmou que havia recebido algumas direções e em seguida parou de responder à torre.
"American 77, American 77, responda", perguntava o controlador com insistência. Às 8h56, tornou-se evidente o desaparecimento do 77. Chegou-se a pensar que havia sido um dos aviões que atingira o World Trade Center.
Foi quando surgiu no radar um sinal não-identificado em direção a um espaço aéreo protegido -a região da Casa Branca.
Somente depois disso a Força Aérea dos EUA descobriu que se tratava de um Boeing-757. Em pouco tempo, o avião atingiria o Pentágono.
Minutos antes do ataque ao Pentágono, o vôo 93 mudou de direção. O avião chegou a receber um aviso de que havia um intruso na cabine. Alguém respondeu: "Confirmado". O avião caiu na Pensilvânia depois das 10h.


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