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AMÉRICA LATINA
Buenos Aires diz que eventual acordo nuclear não está entre os temas atualmente em discussão com a Venezuela
Chávez defende "eixo" com Argentina e Brasil
DA REDAÇÃO
Um dia depois de anunciar discussões para um acordo de cooperação nuclear com o Brasil e a
Argentina, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, voltou a dizer
que a integração do continente
passa pelo eixo "Caracas, Brasília
e Buenos Aires".
"É aí que está o eixo, o eixo da
integração, o eixo mais forte da
integração da América do Sul. Há
muitos anos dizemos isso", disse
Chávez, durante entrevista coletiva em Salamanca (Espanha), onde participou da 15ª Cúpula Ibero-Americana -para ele, "a melhor das seis das quais participei".
Chávez disse que o Brasil, a Venezuela e a Argentina "são a força
econômica, a força política e têm
a capacidade de ser as locomotivas da América Latina" e confirmou a entrada da Venezuela no
Mercosul como membro pleno
em dezembro.
Sem mencionar um eventual
acordo nuclear com o Brasil e a
Argentina, o venezuelano disse
que, "para cooperar com a locomotiva com a qual temos de converter a América do Sul, o primeiro potencial é o energético".
Em seguida, disse que a Venezuela tem reservas de petróleo para "os próximos 200 anos".
Acordo distante
Segundo publicou ontem o jornal argentino "La Nación", Julio
de Vido, ministro do Planejamento da Argentina, afirmou que o tema nuclear não figura nos temas
desenvolvidos hoje com a Venezuela. "Se poderia chegar a falar
de tecnologia nuclear para uso
medicinal, mas não outra coisa",
disse, ao ser questionado sobre
um possível acordo nuclear entre
Brasil, Argentina e Venezuela.
Na semana passada, a imprensa
argentina publicou que a Venezuela está interessada em adquirir
um reator nuclear de potência
média do país vizinho. A idéia seria utilizá-lo para ajudar nas explorações em uma das maiores
reservas de petróleo do mundo,
localizada no rio Orinoco.
O governo argentino confirmou
o interesse e afirmou que venderá
o aparato ao país caso ganhe uma
eventual licitação. O chanceler
Rafael Bielsa fez a ressalva de que
um possível negócio seria fechado
com "a maior responsabilidade" e
seguindo os devidos controles
dos organismos internacionais
especializados.
O cientista político Rosendo
Fraga, do Centro de Estudos
União para a Nova Maioria diz
que um acordo entre os três países é improvável: "A Argentina e o
Brasil têm um acordo nuclear sob
supervisão internacional, da
Agência Internacional de Energia
Atômica. O primeiro ponto é se a
Venezuela vai entrar nesse acordo
ou não, se vai aceitar esse tipo de
limitação. Isso porque, para a Venezuela esse acordo é um assunto
político."
"Acredito que um acordo como
esse está distante, não me parece
demasiado provável. Isso por
causa do medo do Brasil e da Argentina de gerar críticas internacionais e pelo fato de que a Venezuela não teria nada a somar, em
termos de tecnologia, a um acordo como esse", disse Fraga.
Para o coordenador de campanhas do Greenpeace no Brasil,
Marcelo Furtado, um eventual
acordo desse nível "não é uma
questão energética, mas militar".
"Se o Brasil quer se solidificar
como um país sério, não deve fazer parte de uma ação irresponsável, de promover uma corrida armamentista ligada à questão nuclear na região", disse.
Com agências internacionais
Colaborou Maeli Prado, de Buenos Aires
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