São Paulo, segunda-feira, 17 de outubro de 2005

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MÍDIA

Jornalista foi presa por 85 dias por proteger fonte

"NYT" reconhece ter falhado no caso da repórter Judith Miller

DA REDAÇÃO

O jornal "The New York Times" publicou ontem um texto em sua primeira página em que reconhece que falhou no tratamento dado ao caso da repórter Judith Miller, presa por 85 dias por se recusar a dizer à Justiça quem foi a fonte que lhe revelou a identidade de uma espiã.
O diário afirmou que "o "Times" e a sua causa não vão emergir sem marcas [do caso]".
O "NYT" foi duramente criticado por proteger uma fonte do governo dos EUA que revelou o nome da agente secreta, supostamente para desacreditar um diplomata que defendia serem falsos os documentos que sustentaram a invasão do Iraque.
O jornal declarou que embora os editores tenham acobertado Miller, pagando milhões em honorários, eles haviam deixado o andamento do caso nas mãos dela. No texto, a jornalista é definida como sendo "uma repórter audaciosa a quem os editores acham difícil controlar."
De fato, o editor investigativo Douglas Franz disse que Miller certa vez se chamara brincando de "Miss Run Amok" (senhora corre solta) , porque, segundo explicação da própria, "posso fazer qualquer coisa que eu quiser."
Três cortes, inclusive a Suprema Corte, condenaram Miller por proteger sua fonte, forcando-a a ir para a cadeia. Dentro do jornal, as equipes estavam divididas.
Enquanto o time do jornal era criticado pela história da prisão da jornalista, o "publisher" Arthur Sulzberger Jr. e o editor-executivo Bill Keller a levavam para um hotel em Washington para receber uma massagem, uma sessão de manicure e um jantar.
O artigo do Times reconheceu que Miller, que já ganhou um prêmio Pulitzer para o jornal por artigos sobre a al Qaeda, era uma figura de pessoa de papel decisivo na redação.
Miller também chamou a atenção por suas reportagens sobre armas de destruição em massa no Iraque, que nunca foram encontradas. Em maio de 2004, o jornal publicou uma nota crítica de sua cobertura do início da guerra. O jornal declarou no domingo que cinco dos seis artigos publicados eram da autoria de Miller.
Em entrevistas, Sulzberger e Keller disseram ter preferido seguir os princípios do jornalismo e não questionar Miller sobre as conversas dela. Quando voltou à redação do "The New York Times" sob aplausos, Miller disse reconhecer que "The Times e eu não fizemos um trabalho suficientemente bom para que as pessoas entendessem o ocorrido."


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