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MÍDIA
Jornalista foi presa por 85 dias por proteger fonte
"NYT" reconhece ter falhado no caso da repórter Judith Miller
DA REDAÇÃO
O jornal "The New York Times" publicou ontem um texto
em sua primeira página em que
reconhece que falhou no tratamento dado ao caso da repórter
Judith Miller, presa por 85 dias
por se recusar a dizer à Justiça
quem foi a fonte que lhe revelou a
identidade de uma espiã.
O diário afirmou que "o "Times"
e a sua causa não vão emergir sem
marcas [do caso]".
O "NYT" foi duramente criticado por proteger uma fonte do governo dos EUA que revelou o nome da agente secreta, supostamente para desacreditar um diplomata que defendia serem falsos os documentos que sustentaram a invasão do Iraque.
O jornal declarou que embora
os editores tenham acobertado
Miller, pagando milhões em honorários, eles haviam deixado o
andamento do caso nas mãos dela. No texto, a jornalista é definida
como sendo "uma repórter audaciosa a quem os editores acham
difícil controlar."
De fato, o editor investigativo
Douglas Franz disse que Miller
certa vez se chamara brincando
de "Miss Run Amok" (senhora
corre solta) , porque, segundo explicação da própria, "posso fazer
qualquer coisa que eu quiser."
Três cortes, inclusive a Suprema
Corte, condenaram Miller por
proteger sua fonte, forcando-a a ir
para a cadeia. Dentro do jornal, as
equipes estavam divididas.
Enquanto o time do jornal era
criticado pela história da prisão
da jornalista, o "publisher" Arthur Sulzberger Jr. e o editor-executivo Bill Keller a levavam para
um hotel em Washington para receber uma massagem, uma sessão
de manicure e um jantar.
O artigo do Times reconheceu
que Miller, que já ganhou um prêmio Pulitzer para o jornal por artigos sobre a al Qaeda, era uma figura de pessoa de papel decisivo
na redação.
Miller também chamou a atenção por suas reportagens sobre
armas de destruição em massa no
Iraque, que nunca foram encontradas. Em maio de 2004, o jornal
publicou uma nota crítica de sua
cobertura do início da guerra. O
jornal declarou no domingo que
cinco dos seis artigos publicados
eram da autoria de Miller.
Em entrevistas, Sulzberger e Keller disseram ter preferido seguir
os princípios do jornalismo e não
questionar Miller sobre as conversas dela. Quando voltou à redação do "The New York Times"
sob aplausos, Miller disse reconhecer que "The Times e eu não
fizemos um trabalho suficientemente bom para que as pessoas
entendessem o ocorrido."
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