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O IMPÉRIO VOTA
Crise econômica ofusca debate cultural nos EUA
Temas comportamentais e de segurança perdem terreno nas eleições
Para professora de Harvard, ex-assessora de
Clinton, cenário
no país não suscita discussões culturais
LUCIANA COELHO
EM CAMBRIDGE (EUA)
As guerras culturais foram
atropeladas pela crise econômica e estão em baixa nos
EUA. Após uma década dominando as campanhas eleitorais, atrás apenas do que os
temas de defesa, assuntos ligados a religião e comportamento deixaram a superfície
do debate para inflarem uma
suposta guerra de classes
Se no Brasil as atenções da
campanha se voltam para
questões como o aborto, os
EUA foram na mão contrária.
Economia e desemprego são
praticamente a única preocupação do eleitor nas eleições
legislativas de novembro.
Isso porque o país pode ter
começado a se recuperar nos
números da sua pior crise
econômica em 70 anos, mas
o eleitor ainda sofre no bolso.
"Não é um ano para esses
assuntos culturais", disse à
Folha Elaine Kamarck, ex-assessora do governo Clinton que hoje leciona sobre
temas contemporâneos na
Universidade Harvard. "A
população se sente mais pobre, e a economia varre tudo
para fora de cena."
Pesquisa feita em setembro pelo "New York Times"
com a rede CBS mostrou que
63% dos americanos consideram algum tema econômico como prioritário, contra
7% que optam por uma
questão política ou por uma
social (como educação).
Só 2% dos eleitores ouvidos dizem que questões religiosas, morais ou comportamentais são as mais vitais.
Se as questões culturais
não dominam o debate, porém, estão latentes. É com
esse conjunto de valores que
o movimento Tea Party apela
ao eleitor ao traçar sua divisão entre "nós" e "eles".
"A palavra favorita dessa
gente é elite, eles só repetem
"a elite isso, a elite aquilo'",
afirmou à Folha Thomas
Frank, autor de "What is the
Matter with Kansas" ("Qual o
problema com o Kansas").
O livro, de 2004, trata de
como os conservadores adotaram o debate cultural para
atrair um eleitorado cujas necessidades econômicas não
se alinham ao partido. "Mas
eu estive em vários comícios
do Tea Party e não ouvi quase
nunca eles falarem de aborto
ou casamento gay", conta.
Vez por outra, o tema aparece pontualmente, como
aconteceu na última semana
quando o candidato republicano ao governo de Nova
York, Carl Paladino, desqualificou a união entre pessoas
do mesmo sexo como "menos válida" que a mantida
entre heterossexuais.
Causa chiadeira, mas não
mostra o mesmo potencial de
levantar votos do que antes.
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