São Paulo, sábado, 17 de outubro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ITÁLIA
Massimo D'Alema pode se tornar o primeiro premiê do país originário do antigo Partido Comunista Italiano
Ex-comunista obtém apoio para governo

das agências internacionais

Massimo D'Alema está prestes a se tornar o primeiro político de origem comunista a governar a Itália. Ontem, ele obteve apoio suficiente para formar uma nova coalizão.
D'Alema é líder dos DS (Democráticos de Esquerda, na sigla em italiano), o sucessor do PCI, o antigo Partido Comunista Italiano (que mudou de nome em 1991).
Anteontem, ele recebeu a missão de tentar formar um novo governo. O país está em crise política desde o último dia 9, quando o primeiro-ministro Romano Prodi pediu demissão.
Prodi (que não pertence a nenhum partido) liderava uma coalizão de governo dominada pelos DS, os ex-comunistas. Participavam ainda outros três partidos, dois de centro e o PRF (Partido da Refundação Comunista).
Na semana passada, o PRF decidiu romper com Prodi, por não concordar com cortes em gastos sociais no Orçamento proposto para o próximo ano.
Sem o voto dos neocomunistas, o governo perdeu sustentação no Parlamento. Já demissionário, o premiê tentou formar uma nova maioria, mas não conseguiu.
Anteontem, D'Alema foi encarregado pelo presidente italiano de tentar aglutinar uma coalizão. Ontem, tudo indicava que ele havia conseguido.
O líder dos DS obteve apoio verbal de dissidentes neocomunistas do PRC e de um outro partido de centro, presidido pelo ex-presidente Francesco Cossiga.
Caso reúna maioria no Parlamento, D'Alema pode ser indicado premiê já na próxima semana.
Com isso, após 52 anos de tentativas frustradas, o principal partido de esquerda da Itália indicaria finalmente o primeiro-ministro.
Durante décadas, o PCI travou uma batalha pelo poder com a Democracia Cristã, o mais tradicional partido conservador italiano, que se fragmentou em 1994, após ser envolvido no escândalo de corrupção Tangentopoli.
O PCI sempre foi o maior partido comunista do Ocidente. Ao longo dos anos 50 e 60, foi se distanciando das diretrizes ditadas por Moscou e, posteriormente, se aproximando da social-democracia.
A indicação de D'Alema desagradou a oposição na Itália. O empresário e ex-premiê Silvio Berlusconi, líder do partido Força Itália, sugeriu que parlamentares da oposição podem renunciar em bloco.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.