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TERROR EM LONDRES
Bala explode ao penetrar no corpo
Polícia matou Jean Charles com munição proibida, afirma jornal
FÁBIO VICTOR
DE LONDRES
O diário britânico "Daily Telegraph" informou ontem que as
balas usadas pela polícia londrina
para matar o brasileiro Jean Charles de Menezes eram do tipo
"dum dum", proibidas por convenção internacional de guerra
por seu alto poder de destruição.
O uso de munições de ponta oca
(que explodem depois que penetram no corpo) se tornou ilegal
com a Declaração de Haia, em
1899. Foi uma resposta à utilização do artefato pelos próprios britânicos, que o criaram no final do
século 19, na Índia, à época ainda
uma colônia do país.
Acredita-se que a nova versão
das "dum dum" tenha sido usada
pela primeira vez contra Jean
Charles, alvejado ao menos oito
vezes, sete das quais na cabeça.
O eletricista mineiro foi confundido com um terrorista na estação
de metrô de Stockwell, em 22 de
julho passado, um dia após tentativas frustradas de atentados ao
metrô londrino e duas semanas
depois que quatro ataques coordenados mataram 52 pessoas.
A caçada a Jean Charles foi parte
da Operação Kratos, de combate
ao terrorismo, cujo ponto mais
polêmico é a permissão de "atirar
para matar".
A reportagem, destacada na capa do "Telegraph", um dos mais
influentes jornais do Reino Unido, diz ainda que a decisão de usar
balas de ponta oca foi tomada
com base em pesquisas que a
apontaram como solução mais
eficiente para lidar com homens-bomba -por não trazer risco às
pessoas em volta, mas ter efeito
devastador para a vítima.
Ainda segundo o diário, esse tipo de munição continua em poder da Scotland Yard, que não
descarta voltar a usá-lo caso veja
necessidade. O movimento de
apoio à família do brasileiro, o
Justice4Jean Family Campaign,
emitiu nota criticando o uso das
balas e cobrando apuração pela
IPCC, a comissão independente
que investiga o caso.
Debate
Num pronunciamento ontem à
noite, o chefe da Scotland Yard,
Ian Blair, queixou-se da falta de
um debate público sobre o novo
papel da polícia após a ameaça
terrorista, dizendo-se "frustrado"
com o silêncio da população.
Blair declarou que o Reino Unido continua sendo um alvo potencial de ataques da Al Qaeda e
sua rede de colaboradores e que a
polícia precisa se adequar a essa
nova era de risco permanente.
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