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CHILE
Equipe a serviço da Justiça conclui que o ex-ditador está apto a ser julgado; ele diz que Deus o perdoará por "eventuais excessos"
Pinochet simulou doença, diz junta médica
DA REDAÇÃO
Um novo relatório de uma junta médica designada pela Justiça
do Chile concluiu que o general
Augusto Pinochet simulou a gravidade de seu estado de saúde e
está apto para enfrentar julgamento por violações de direitos
humanos cometidos durante seu
regime (1973-90). O ex-ditador
chileno afirmou, porém, que
Deus o perdoará por "eventuais
excessos" cometidos.
Segundo o advogado Hernán
Quezada, que representa as famílias das vítimas, os médicos concluíram que "Pinochet simulou,
tentando fazer com que os sintomas de sua doença parecessem
piores do que realmente eram".
Os médicos concordaram com
diagnóstico anterior de que Pinochet, que completa 90 anos na
próxima semana, sofre de uma
demência leve. Mas não a consideraram severa o suficiente para
impedir que enfrente julgamento.
"Os exames são conclusivos sobre o fato de Pinochet, do ponto
de vista psiquiátrico, ser uma pessoa normal, que pode dar respostas, apesar de ter problemas neurológicos", disse o advogado.
A junta de psiquiatras, neurologistas e psicólogos examinou Pinochet durante diversas horas em
três sessões realizadas em outubro último, por determinação da
Suprema Corte chilena.
O processo em questão se refere
à Operação Colombo, em que 119
supostos opositores ao regime de
Pinochet foram mortos ou desapareceram. Como o ex-ditador já
perdeu a imunidade de que gozava, o juiz responsável pelo caso,
Victor Montiglio, poderá agora
indiciá-lo.
Ontem, a imprensa chilena divulgou trechos do depoimento
prestado por Pinochet a Montiglio na última segunda-feira.
"Lamento e sofro essas perdas",
disse, em referência às vítimas de
seu regime. "Mas Deus faz as coisas e ele me perdoará se me excedi
em algumas, o que não creio."
Pinochet respondeu que não se
lembrava à maioria das perguntas
feitas pelo juiz. "Estão me perguntando sobre coisas que aconteceram há 30 anos."
Para justificar sua tomada de
poder em 1973, afirmou que "tudo o que fiz dedico a Deus e ao
Chile porque permitiu que o país
não fosse comunista".
Processos a que o ex-ditador
respondia por crimes cometidos
pela Operação Condor e pela Caravana da Morte, a cargo do ex-juiz Juan Guzmán Tapia, foram
arquivados pela Suprema Corte
sob o argumento de que sua saúde mental era precária.
Com agências internacionais
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