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MISSÃO NO CARIBE
Brasileiros matam quatro durante tiroteio em Porto Príncipe
Relatório sobre Haiti critica polícia
FABIANO MAISONNAVE
CAROLINA VILA-NOVA
DA REPORTAGEM LOCAL
Um relatório recém-publicado
pela Federação Internacional dos
Direitos Humanos responsabiliza
a Polícia Nacional Haitiana, e não
as forças brasileiras e de outros
países participantes da Minustah
(Missão de Estabilização da ONU
no Haiti), por rotineiras violações
aos direitos humanos no país,
dentre as quais assassinatos, extorsão e seqüestros.
"A polícia haitiana é a principal
autora de violações dos direitos
humanos. Quanto à Minustah,
não creio que seja esse o seu problema, especialmente as forças
brasileiras. Dissemos em nosso
relatório, por exemplo, que deveria haver mais ações da Minustah,
pois geralmente não está presente
nos subúrbios", disse à Folha o
francês Florent Geel, do Secretariado Geral da FIDH e um dos responsáveis pelo relatório "Haiti:
Qual o Futuro para uma Transição Abortada?", baseado em três
visitas ao país e em ONGs locais.
Geel considera "grande demais
e pouco estruturada" a acusação
feita por ativistas americanos à
OEA, segundo a qual as forças
brasileiras participaram de uma
suposta chacina de 63 pessoas, em
6 de julho, em Porto Príncipe.
As críticas do relatório sobre a
Minustah se concentram no suposto fracasso até agora em assegurar condições para uma transição até as eleições -o pleito presidencial foi adiado quatro vezes.
"Quanto às intervenções da comunidade internacional, elas não
impediram que a situação política, econômica e social se deteriorasse. O saldo da missão da Minustah -restabelecer a segurança e preparar as eleições- não é
convincente, apesar de a obstrução da situação de delinqüência
das estruturas do Estado (sobretudo a polícia e a Justiça) não poder ser subestimada nessa avaliação negativa", conclui.
Geel estima que, para a realização de eleições com razoável credibilidade, são necessários pelo
menos mais seis meses.
A FIDH, com sede em Paris,
reúne 141 ONGs de 90 países.
Tiroteio
Em um dos mais duros enfrentamentos dos últimos meses, uma
patrulha brasileira respondeu anteontem a um ataque armado de
gangues no bairro de Cité Militaire, em Porto Príncipe, dando início a um tiroteio de oito horas.
Mais de 200 militares foram
mobilizados para a ação, em que
os veículos blindados das tropas
foram atacados em diversas frentes por grupos pesadamente armados. Segundo a Minustah,
quatro supostos bandidos foram
mortos no incidente e 31 pessoas
foram detidas. Nenhum brasileiro
foi morto nem ferido.
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