São Paulo, quinta-feira, 17 de novembro de 2005

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MISSÃO NO CARIBE

Brasileiros matam quatro durante tiroteio em Porto Príncipe

Relatório sobre Haiti critica polícia

FABIANO MAISONNAVE
CAROLINA VILA-NOVA
DA REPORTAGEM LOCAL

Um relatório recém-publicado pela Federação Internacional dos Direitos Humanos responsabiliza a Polícia Nacional Haitiana, e não as forças brasileiras e de outros países participantes da Minustah (Missão de Estabilização da ONU no Haiti), por rotineiras violações aos direitos humanos no país, dentre as quais assassinatos, extorsão e seqüestros.
"A polícia haitiana é a principal autora de violações dos direitos humanos. Quanto à Minustah, não creio que seja esse o seu problema, especialmente as forças brasileiras. Dissemos em nosso relatório, por exemplo, que deveria haver mais ações da Minustah, pois geralmente não está presente nos subúrbios", disse à Folha o francês Florent Geel, do Secretariado Geral da FIDH e um dos responsáveis pelo relatório "Haiti: Qual o Futuro para uma Transição Abortada?", baseado em três visitas ao país e em ONGs locais.
Geel considera "grande demais e pouco estruturada" a acusação feita por ativistas americanos à OEA, segundo a qual as forças brasileiras participaram de uma suposta chacina de 63 pessoas, em 6 de julho, em Porto Príncipe.
As críticas do relatório sobre a Minustah se concentram no suposto fracasso até agora em assegurar condições para uma transição até as eleições -o pleito presidencial foi adiado quatro vezes.
"Quanto às intervenções da comunidade internacional, elas não impediram que a situação política, econômica e social se deteriorasse. O saldo da missão da Minustah -restabelecer a segurança e preparar as eleições- não é convincente, apesar de a obstrução da situação de delinqüência das estruturas do Estado (sobretudo a polícia e a Justiça) não poder ser subestimada nessa avaliação negativa", conclui.
Geel estima que, para a realização de eleições com razoável credibilidade, são necessários pelo menos mais seis meses.
A FIDH, com sede em Paris, reúne 141 ONGs de 90 países.

Tiroteio
Em um dos mais duros enfrentamentos dos últimos meses, uma patrulha brasileira respondeu anteontem a um ataque armado de gangues no bairro de Cité Militaire, em Porto Príncipe, dando início a um tiroteio de oito horas.
Mais de 200 militares foram mobilizados para a ação, em que os veículos blindados das tropas foram atacados em diversas frentes por grupos pesadamente armados. Segundo a Minustah, quatro supostos bandidos foram mortos no incidente e 31 pessoas foram detidas. Nenhum brasileiro foi morto nem ferido.


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