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Iraque ordena prisão do principal clérigo sunita
Americano é condenado por ter estuprado e assassinado iraquiana de 14 anos
Ônibus levando xiitas teriam sido levados em Bagdá; rede de TV anuncia o seqüestro de quatro americanos no interior
DA REDAÇÃO
O governo iraquiano, liderado pelos xiitas, ordenou ontem
a prisão do mais importante
clérigo sunita do país, sob a
acusação de terrorismo, uma
medida que pode aumentar
ainda mais a tensão sectária no
país, imerso numa onda cada
vez maior de matanças e seqüestros em massa.
O pedido de prisão é para Harith Al Dari, chefe da Associação dos Clérigos Muçulmanos e
defensor da minoria sunita.
O ministro do Interior, Jawad al Bolani, disse, em entrevista, que pedirá ajuda internacional para prender Al Dari,
que está na Jordânia, um país
de maioria sunita que dificilmente o entregará.
"Esta é a política do governo
contra qualquer um que tente
fomentar a divisão no Iraque.
Os serviços de segurança o perseguirão", disse o xiita Bolani.
O ministro disse que o pedido de prisão é fruto de investigação em torno dos grupos paramilitares, mas os líderes do
governo também estavam irritados com declarações pública
de Al Dari defendendo as ações
da rede terrorista Al Qaeda.
O clérigo disse que a medida
é um "ato vil" de um governo
"falido" e "atrairá a raiva e as
maldições do povo iraquiano".
Muitos sunitas -e um cada
vez mais ansioso governo americano- dizem que o premiê
xiita Nuri al Maliki tem fracassado em coibir a violência promovida por milícias xiitas. A
acusação ganhou força depois
que um ministério sob controle
sunita foi invadido, e os seus
funcionários, seqüestrados.
A decisão de prender o clérigo sunita ocorreu no mesmo
dia em que a polícia iraquiana
anunciou que seis microônibus
que atravessavam um bairro de
maioria sunita levando dezenas
de xiitas, no oeste de Bagdá, desapareceram, no que provavelmente foi mais um seqüestro
em massa na cidade.
Segundo policiais, os ônibus
foram parados por homens armados, alguns de uniforme, em
falsos postos de verificação.
Outras 15 pessoas foram seqüestradas num café. E 50 foram mortas em vários ataques.
Também ontem, um grupo
de até 14 pessoas -entre as
quais quatro americanos- foi
seqüestrado na cidade de Nasiriyah, segundo a TV ABC.
Os indícios de que o frágil governo de união nacional está se
desintegrando se acumulam. O
ministro do Ensino Superior, o
sunita Abd Dhiab, que se afastou após o seqüestro em massa
no seu ministério, diz que a situação é de "anarquia". "Não há
governo efetivo", afirmou.
Segundo Dhiab, parte das dezenas capturadas na terça foi
torturada e morta. A informação foi dada por reféns que foram libertados. O ministro afirma que ainda há 70 desaparecidos -70 pessoas teriam sido libertadas-; o governo diz que
os seqüestrados eram 40 e todos foram soltos.
Americano condenado
Um dos quatro soldados
americanos acusados de estuprar uma iraquiana de 14 anos
antes de matá-la junto com sua
família foi condenado ontem a
90 anos de prisão. James Barker se declarou culpado e se
comprometeu a testemunhar
contra os outros envolvidos no
caso para escapar da pena de
morte. A sentença ainda será
revisada por uma corte militar.
O estupro e a matança em
Mahmudiya revoltaram os iraquianos e renovaram os pedidos para rever a imunidade de
militares estrangeiros para indiciamento no próprio Iraque.
Com agências internacionais
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