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Oposição é ameaçada com "levante"
DA REDAÇÃO
Se tornou-se mais pragmático na política externa, o presidente boliviano, Evo Morales,
mantém uma relação conturbada com a oposição interna.
Ontem, ele disse que "o povo
vai se levantar" caso a oposição
insista em se opor à reforma
agrária no Congresso e em travar os trabalhos na Assembléia
Constituinte, onde a terceira
maior bancada iniciou uma
greve de fome.
"Se alguns parlamentares
não quiserem modificar a lei
Inra [agrária], o povo vai se levantar para fazer a modificação
à força", disse Morales, em entrevista coletiva em La Paz.
"Não haverá consenso com grileiros e latifundiários."
Anteontem, os governistas
aprovaram na Câmara dos Deputados a nova lei de terras sob
protesto da bancada oposicionista, que se retirou da sessão.
O problema para Morales é
que, agora, a lei terá de ser
aprovada no Senado, onde a
oposição, liderada pelo partido
Podemos (Poder Democrático
e Social), já disse que modificará o texto.
Há duas grandes divergências entre o governo e os opositores, que incluem as associações de produtores rurais do
departamento de Santa Cruz.
Uma delas é que o processo de
desapropriação de terras, na
proposta de Morales, será feito
apenas de forma administrativa pelo Inra (Instituto Nacional de Reforma Agrária), sem
direito a recursos judiciais.
O segundo ponto se refere ao
mecanismo de avaliação para
saber se a terra é ou não improdutiva. O governista MAS (Movimento ao Socialismo) quer
que a fiscalização seja feita a cada dois anos. Já o Podemos defende que o prazo seja mais longo, de cinco anos.
Ontem, o senador oposicionista Wálter Guiteras criticou o
que chamou de "ameaças" de
Morales: "Que o presidente não
nos ameace com os movimentos sociais. Não vamos fazer
uma sessão com a espada de
Dâmocles diante da ameaça
que vão intervir".
Em outra frente política, a
Assembléia Constituinte, os sete membros do partido oposicionista Unidade Nacional
(UN) entraram em greve de fome para protestar contra a paralisia dos trabalhos, que pouco
avançaram desde agosto.
A principal divergência está
nas regras para a votação. Os
governistas, que têm 54% dos
255 constituintes, propõem
uma sistema misto, em que as
matérias mais simples sejam
aprovadas por maioria simples,
e as mais complexas, por dois
terços. Em caso de impasse, seria convocado um referendo.
A oposição exige que todas as
matérias constitucionais sejam
aprovadas por dois terços, ou
seja, pelo menos 170 votos. O líder da UN, Samuel Doria Medina, justificou a greve de fome:
"A democracia está em risco e
pedimos o consenso".
"Se não [houver acordo], o
povo decidirá em um referendo", disse Morales ontem.
Com agências internacionais
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