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São Paulo, quarta-feira, 17 de dezembro de 2003

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FIM DA CAÇADA

Ele diz que decisão será de iraquianos; Rumsfeld diz que ex-ditador não tem status de prisioneiro de guerra e que CIA o interrogará

Bush defende pena de morte para Saddam

DA REDAÇÃO

O presidente dos EUA, George W. Bush, defendeu ontem a "pena máxima" para o ex-ditador iraquiano Saddam Hussein, em uma afirmação que um funcionário da Casa Branca disse ser uma referência à pena de morte.
Já o secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, voltou atrás e disse que o ex-ditador iraquiano não tem status de prisioneiro de guerra. Assim, não se aplicam a ele as Convenções de Genebra, que lhe garantiriam um tratamento humanitário.
Saddam, capturado no último sábado pelas forças americanas, está sendo mantido em local não revelado pelos EUA e interrogado pela CIA (serviço secreto dos EUA). Rumsfeld anunciou que a agência passará a centralizar o interrogatório, mas não descartou intervenções do Pentágono.
O secretário, que no domingo dissera que Saddam era considerado prisioneiro de guerra, ontem afirmou que ele estava recebendo um tratamento "humanitário e profissional", embora ele não fosse formalmente designado como prisioneiro de guerra e por isso estivesse fora do escopo das Convenções de Genebra.
O tratado, assinado em 1949, garante direitos como o de não ter sua imagem exibida publicamente e exposta ao ridículo -algo bem diferente do que vem acontecendo com o ex-ditador desde a sua captura.
Rumsfeld defendeu a divulgação das imagens de Saddam como algo necessário para comprovar a prisão para os iraquianos. "Ele não foi submetido à curiosidade pública de modo degradante, de acordo com as definições das Convenções de Genebra", disse.
Saddam está sendo interrogado sobre sua eventual ligação com a rede terrorista Al Qaeda, seu suposto arsenal de destruição em massa -usado pelos EUA como principal justificativa para a guerra, mas até agora não encontrado- e sobre a insurgência iraquiana. Até agora, o ex-ditador negou todas as acusações que lhe foram feitas.
O comando dos EUA acredita que Saddam fosse informado sobre as ações por líderes insurgentes ligados a seu regime e investiga se ele financiava a resistência. Com o ex-ditador, foram apreendidos US$ 750 mil.
Segundo o general Martin Dempsey, comandante da 1ª Divisão Blindada, informações obtidas após a captura de Sadam levaram à prisão de alguns dirigentes do extinto partido Baath, ao qual o ex-ditador pertencia, que financiariam ataques contra os EUA. Mas o militar não disse se as informações vieram de Saddam.
Autoridades em Washington afirmam que as sessões pouco progrediram e que Saddam não tem colaborado. Especialistas afirmam que pode levar meses até o iraquiano ser dobrado.

Pena de morte
Em entrevista à rede de televisão ABC, o presidente Bush afirmou que os iraquianos devem decidir o destino de Saddam, mas recomendou a "pena máxima".
"Acho que ele [Saddam] deve receber a pena máxima por tudo o que fez contra seu povo", declarou Bush. "Ele é um torturador, um assassino, mantinha salas de estupros. É um tirano nojento que merece a justiça máxima. Mas quem vai decidir isso não é o presidente dos EUA, mas os cidadãos do Iraque." Segundo um funcionário da Casa Branca que falou à agência Reuters sob condição de anonimato, Bush se referia à pena de morte. O pai de Bush, o ex-presidente George Bush, foi vítima de tentativa de assassinato atribuído a Saddam, em 1993.
Uma das três filhas de Saddam, Raghad Hussein, pediu que seu pai seja julgado por uma corte internacional, não pelo tribunal iraquiano criado na semana passada especialmente para julgar membros do regime deposto.
Raghad, que falou à rede de TV de Dubai Al Arabiya, disse também que, pelas imagens de seu pai exibidas após a captura, ele parecia dopado. "Todas as pessoas honestas que conhecem Saddam sabem que ele é firme e poderoso. Ele foi dopado", disse.


Com agências internacionais

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