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São Paulo, quarta-feira, 17 de dezembro de 2003

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Vaticano critica os EUA por tratar o ex-ditador "como uma vaca"

DA REDAÇÃO

Um alto clérigo do Vaticano e crítico da Guerra do Iraque disse ontem que ele sentia "compaixão" por Saddam Hussein e repreendeu os EUA por divulgar imagens de vídeo em que o ex-ditador é "tratado como uma vaca".
"Senti pena ao ver esse homem destruído, sendo tratado como uma vaca enquanto examinavam seus dentes", disse o cardeal Renato Martino, 71, presidente do Conselho do Vaticano para a Justiça e Paz. As declarações foram dadas durante entrevista coletiva.
"Vendo-o assim, um homem em sua tragédia, apesar de toda a culpa que ele carrega, tive um sentimento de compaixão por ele", disse Martino, em referência às imagens nas quais um médico americano examinava a boca de Saddam com uma lanterna logo após sua captura, no sábado.
As declarações de Martino foram as primeiras feitas pelo Vaticano, a sede da Igreja Católica, e as últimas da série de ataques de cardeais contra a ocupação do Iraque liderada pelos EUA.
O papa João Paulo 2º se opôs à guerra e pediu uma solução com o envolvimento da ONU.
Martino reiterou a oposição da Igreja Católica à pena de morte -que está sendo cogitada-, embora tenha afirmado que Saddam deveria ser julgado em um local apropriado. Ele não especificou se esse local seria o Iraque, uma corte internacional ou os EUA.
O cardeal disse, no entanto, que a prisão de Saddam foi um "divisor de águas", que pode significar um período de paz e democracia para o Iraque.
No passado, Martino disse que a guerra preventiva -um dos pilares da Doutrina Bush- é "uma guerra de agressão e não faz parte da definição de uma guerra justa" e que a intervenção americana era "unilateralismo".


Com agências internacionais


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