São Paulo, segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

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Foco

Após dias de tensão e de rumores, La Paz faz compras para o Natal

Mariana Bazo/Reuters
O presidente Evo Morales exibe suas habilidades futebolísticas em torneio em La Paz


LETÍCIA SANDER
ENVIADA ESPECIAL A LA PAZ

Apesar da incerteza sobre o desfecho de mais um conturbado período da história boliviana, a rotina de La Paz não traduz ainda, a um observador externo, o aprofundamento da crise política. Os bolivianos continuam lotando as tradicionais feiras da cidade, nos bairros mais prósperos, os bares e restaurantes estão cheios e não há forças policiais nas ruas que chamem atenção.
No dia seguinte à tão esperada declaração de autonomia pelos departamentos oposicionistas e à cerimônia de entrega da nova Carta boliviana, até o presidente Evo Morales demonstrou descontração, participando de um torneio local de futebol.
Mesmo na sexta-feira passada, dia em que Morales tergiversava sobre decretar ou não estado de sítio em virtude das ameaças de autonomia, havia uma movimentação intensa nas barraquinhas e camelôs no centro de La Paz, impulsionada pela chegada do Natal, ainda que dentro das limitações da economia mais pobre da América do Sul.
"As pessoas estão preocupadas, mas seguem com as compras", afirmou Susi Gomes, atendente de uma loja de perfumes e quinquilharias. Funcionária do hotel Camino Real, Yolanda Asurdui se diz preocupada com a crise e com o futuro de sua família, mas em seu local de trabalho, até agora, nada mudou. "Ah, está cheio. Estamos preocupados, mas não acho que vá haver um golpe de Estado".
A aparente tranqüilidade em La Paz não reflete apatia, mas sim uma certa resignação de quem está acostumado a viver sob sobressaltos. Desde 2003, dois presidentes foram forçados a renunciar. Morales é o sexto presidente desde 2000.
No sábado à noite, dia em que os departamentos aprovaram suas autonomias e a Carta foi apresentada ao povo, restaurantes e clubes na área mais nobre de La Paz também estavam cheios e as festas, para os mais jovens, se estendiam até a madrugada.
Domingo pela manhã, o movimento era frenético nas barracas de camelôs próximas à Basílica de São Francisco, no centro da cidade, ponto freqüente de turistas estrangeiros. Os lojistas falavam desapontados sobre mais um período de instabilidade. "O turismo está baixo. Nesta época do ano, tínhamos muito mais gente. É a instabilidade política", reclamou Celso Miranda, dono de uma loja de ponchos.


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