São Paulo, segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

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Turquia bombardeia Curdistão iraquiano

Com 50 caças, operação procurou neutralizar as bases do grupo autonomista PKK, que diz terem ocorrido sete mortes

Em protesto, Iraque convoca embaixador e pede fim das ações; EUA temem crise no Curdistão iraquiano, única região de relativa paz

DA REDAÇÃO

A Turquia lançou na madrugada de ontem uma megaoperação aérea contra aldeias curdas em território iraquiano, visando bases do grupo autonomista PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão).
Autoridades no Iraque afirmaram que apenas uma mulher morreu durante o bombardeio a dez aldeias, forçando 200 pessoas temerosas a se refugiar em cavernas da região montanhosa de Qandil.
Mas a agência pró-curda Firat disse que cinco rebeldes e dois civis foram mortos, com a paralela destruição de duas escolas e de um hospital.
O governo iraquiano convocou o embaixador turco e exigiu o fim dessas ações.
Os Estados Unidos temem que operações turcas no Iraque possam desestabilizar o Curdistão iraquiano, única região do país com raras atividades da insurgência. No mês passado, recebendo o primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, o presidente George W. Bush declarou que o PKK era para ambos "um inimigo comum" e prometeu dividir com Ancara informações da inteligência americana.
A televisão turca NTV disse que a Força Aérea mobilizou cerca de 50 caças. A operação, iniciada à 1h local, durou pouco menos de quatro horas, e os aviões concentraram o bombardeio numa região a 100 km além da fronteira. A área é também próxima do Irã.
O premiê Erdogan disse que a Turquia estava determinada a prosseguir "por todos os meios a luta contra o terrorismo".
Comunicado militar de Ancara insistiu que o alvo da operação eram os autonomistas e não a população civil, embora o bombardeio noturno de uma região montanhosa torne esse objetivo bastante duvidoso.

Autorização parlamentar
Em outubro último o Parlamento turco autorizou o governo a atravessar a fronteira com o Iraque para neutralizar bases do PKK, considerado por Ancara -mas também por Washington e pela União Européia- como uma organização terrorista.
Pouco depois, rebeldes emboscaram e mataram 21 soldados turcos -há cerca de 100 mil deles estacionados na fronteira- e, em resposta, a Turquia lançou incursão terrestre com a cobertura de helicópteros, sem resultado significativo.
Os curdos são um povo sem Estado, divididos sobretudo entre a Turquia, Iraque e Irã. Desfrutando de relativa autonomia no Iraque, na Turquia eles acusam o governo de tentativas forçadas de assimilação.
A criação de um Estado curdo independente era o objetivo do inicial PKK, fundado em 1978 e que, marxista e então aliado da União Soviética, lançou-se em atentados e operações de guerrilha que já deixaram um saldo de 38 mil mortos.
No Curdistão iraquiano prevalecem partidos e lideranças mais moderadas. O presidente do Iraque, Jalal Talabani, é um dos tradicionais políticos dessa nacionalidade.


Com agências internacionais


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