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Turquia bombardeia Curdistão iraquiano
Com 50 caças, operação procurou neutralizar as bases do grupo autonomista PKK, que diz terem ocorrido sete mortes
Em protesto, Iraque convoca embaixador e pede fim das ações; EUA temem crise no Curdistão iraquiano, única região de relativa paz
DA REDAÇÃO
A Turquia lançou na madrugada de ontem uma megaoperação aérea contra aldeias curdas em território iraquiano, visando bases do grupo autonomista PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão).
Autoridades no Iraque afirmaram que apenas uma mulher morreu durante o bombardeio a dez aldeias, forçando 200
pessoas temerosas a se refugiar
em cavernas da região montanhosa de Qandil.
Mas a agência pró-curda Firat disse que cinco rebeldes e
dois civis foram mortos, com a
paralela destruição de duas escolas e de um hospital.
O governo iraquiano convocou o embaixador turco e exigiu o fim dessas ações.
Os Estados Unidos temem
que operações turcas no Iraque
possam desestabilizar o Curdistão iraquiano, única região
do país com raras atividades da
insurgência. No mês passado,
recebendo o primeiro-ministro
da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, o presidente George W.
Bush declarou que o PKK era
para ambos "um inimigo comum" e prometeu dividir com
Ancara informações da inteligência americana.
A televisão turca NTV disse
que a Força Aérea mobilizou
cerca de 50 caças. A operação,
iniciada à 1h local, durou pouco
menos de quatro horas, e os
aviões concentraram o bombardeio numa região a 100 km
além da fronteira. A área é também próxima do Irã.
O premiê Erdogan disse que
a Turquia estava determinada a
prosseguir "por todos os meios
a luta contra o terrorismo".
Comunicado militar de Ancara insistiu que o alvo da operação eram os autonomistas e
não a população civil, embora o
bombardeio noturno de uma
região montanhosa torne esse
objetivo bastante duvidoso.
Autorização parlamentar
Em outubro último o Parlamento turco autorizou o governo a atravessar a fronteira com
o Iraque para neutralizar bases
do PKK, considerado por Ancara -mas também por Washington e pela União Européia- como uma organização terrorista.
Pouco depois, rebeldes emboscaram e mataram 21 soldados turcos -há cerca de 100 mil
deles estacionados na fronteira- e, em resposta, a Turquia
lançou incursão terrestre com
a cobertura de helicópteros,
sem resultado significativo.
Os curdos são um povo sem
Estado, divididos sobretudo
entre a Turquia, Iraque e Irã.
Desfrutando de relativa autonomia no Iraque, na Turquia
eles acusam o governo de tentativas forçadas de assimilação.
A criação de um Estado curdo independente era o objetivo
do inicial PKK, fundado em
1978 e que, marxista e então
aliado da União Soviética, lançou-se em atentados e operações de guerrilha que já deixaram um saldo de 38 mil mortos.
No Curdistão iraquiano prevalecem partidos e lideranças
mais moderadas. O presidente
do Iraque, Jalal Talabani, é um
dos tradicionais políticos dessa
nacionalidade.
Com agências internacionais
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