São Paulo, quinta, 17 de dezembro de 1998

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COMENTÁRIO
Saddam se refugia no poder

SÉRGIO MALBERGIER
da Redação

Saddam Hussein instaurou um regime dos mais implacáveis no Iraque porque sabe que não sobrevive fora do governo.
Qualquer sinal de oposição ou insubordinação, em qualquer escalão, é punido com a morte.
Os iraquianos não têm como ou a quem reclamar. A mídia é estatal. A TV passa boa parte do tempo mostrando videoclipes exaltando Saddam.
A população vive isolada do resto do mundo. Não é possível fazer ligações ao exterior de casas particulares, o correio é vigiado e as viagens ao exterior são raramente permitidas. Se fossem, os iraquianos não teriam dinheiro para viajar.
O embargo da ONU afundou o país na miséria e devastou a infra-estrutura do país. Para evitar uma rebelião popular diante de tantas adversidades, o regime provê quase de graça as necessidades básicas da população, como moradia, alimentos e combustível.
A oposição interna não existe de forma organizada. A externa, agora com ajuda financeira dos EUA, ainda engatinha.
Após a humilhante derrota na Guerra do Golfo (91), Saddam enfrentou uma rebelião curda no norte do país e outra xiita, no sul. O centro é dominado pelos sunitas, como Saddam. Na época, os EUA preferiram não seguir até Bagdá e dar o golpe de misericórdia no cambaleante ditador. Temiam que o Iraque se desintegrasse e criasse mais instabilidade na estratégica região.
Geopolítica à parte, fica difícil imaginar uma situação pior que a atual para a população iraquiana. Mas isso raramente é a preocupação dominante na política externa.



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