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COMENTÁRIO
Saddam se refugia no poder
SÉRGIO MALBERGIER
da Redação
Saddam Hussein instaurou
um regime dos mais implacáveis no Iraque porque sabe que
não sobrevive fora do governo.
Qualquer sinal de oposição
ou insubordinação, em qualquer escalão, é punido com a
morte.
Os iraquianos não têm como
ou a quem reclamar. A mídia é
estatal. A TV passa boa parte
do tempo mostrando videoclipes exaltando Saddam.
A população vive isolada do
resto do mundo. Não é possível
fazer ligações ao exterior de casas particulares, o correio é vigiado e as viagens ao exterior
são raramente permitidas. Se
fossem, os iraquianos não teriam dinheiro para viajar.
O embargo da ONU afundou
o país na miséria e devastou a
infra-estrutura do país. Para
evitar uma rebelião popular
diante de tantas adversidades,
o regime provê quase de graça
as necessidades básicas da população, como moradia, alimentos e combustível.
A oposição interna não existe
de forma organizada. A externa, agora com ajuda financeira
dos EUA, ainda engatinha.
Após a humilhante derrota
na Guerra do Golfo (91), Saddam enfrentou uma rebelião
curda no norte do país e outra
xiita, no sul. O centro é dominado pelos sunitas, como Saddam. Na época, os EUA preferiram não seguir até Bagdá e dar
o golpe de misericórdia no
cambaleante ditador. Temiam
que o Iraque se desintegrasse e
criasse mais instabilidade na
estratégica região.
Geopolítica à parte, fica difícil
imaginar uma situação pior
que a atual para a população
iraquiana. Mas isso raramente
é a preocupação dominante na
política externa.
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