São Paulo, quinta, 17 de dezembro de 1998

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AS CRISES
Presidente iraquiano anunciou estratégia de defesa poucas horas antes do início de ataque dos Estados Unidos
Saddam afirma que vai "lutar com fé"

das agências internacionais

O governo iraquiano anunciou ontem que vai lutar "com fé e com a ajuda de Deus" contra as forças norte-americanas e britânicas.
Após reunião entre as autoridades de Bagdá, comunicado do governo direcionado aos cidadãos iraquianos disse que "os EUA e o Reino Unido querem levar a cabo uma agressão contra o Iraque para atingir sua ambição de ter todas as nações árabes a seus pés".
"Com ajuda de Deus, vamos impedir que eles (norte-americanos e britânicos) consigam seu objetivo", anunciou o comunicado divulgado antes do ataque.
² Estratégia
Após a reunião, o presidente iraquiano ordenou a criação de quatro comandos regionais para organizar a defesa de seu país frente aos bombardeios.
O decreto presidencial emitido ontem dividiu o país, pela primeira vez desde a Guerra do Golfo (1991), nas regiões Norte, Sul, Província Central (que inclui a capital, Bagdá) e Eufrates Central.
Tarek Aziz, vice-premiê iraquiano, afirmou que o objetivo da retirada dos inspetores da Unscom do Iraque é simplesmente "justificar a agressão militar dos EUA e do Reino Unido contra seu país".
Antes dos ataques, o governo da Rússia reiterou sua posição de vetar o uso da força e tentou evitar os bombardeios. O ministro das Relações Exteriores, Igor Ivanov, acusou o chefe da Unscom de "abuso de autoridade" ao dizer que o Iraque não cumpriu sua promessa de colaborar com a ONU.
Uma reunião de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas foi convocada, mas, após as notícias do bombardeio, o encontro foi interrompido.
² Indiferença
Nas ruas de Bagdá, não havia sinais de pânico entre os iraquianos antes do ataque. Acostumados com guerras desde os anos 70, seus moradores aparentavam indiferença à possibilidade de novo ataque norte-americano ao país.
"Nós não tememos mais nada", era uma das frases ouvidas nas ruas, segundo a agência de notícias "Reuters".
"Nosso povo está passando fome há oito anos. O que pode significar mais uma guerra?", questionava um comerciante de Bagdá.
Desde 1990, quando o Iraque invadiu o Kuait, a ONU impõe sanções ao governo de Bagdá.
Os únicos sinais de intranquilidade na capital eram as longas filas de carros nos postos de gasolina.
Só com a possibilidade de bombardeios, o preço do barril de petróleo subiu de US$ 11,50 anteontem para US$ 12,25 ontem em Nova York.



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