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Chávez diz que não vai ceder e adverte Grupo de Amigos
DA REDAÇÃO
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, afirmou ontem que recusará a ajuda do Grupo de Amigos da Venezuela se seus integrantes reconhecerem as demandas da oposição, a qual acusou de "golpista" e "terrorista".
"Se algum país ou grupo de países, fazendo um diagnóstico, pretende dar uma legitimidade a esse
grupo de golpistas, fascistas e terroristas... uma ajuda assim não
precisamos", afirmou ele durante
seu discurso anual na Assembléia
Nacional. "Assim não me ajudam, compadres", disse.
Segundo ele, os integrantes do
grupo precisam "reconhecer que
há um governo legítimo na Venezuela" e que não há "duas forças
em conflito com o mesmo nível
de legitimidade". "Aqui há um
governo que exige ser reconhecido como o único governo que há
na Venezuela", disse. "Este é um
governo democrático, uma República democrática."
O Grupo de Amigos da Venezuela, formado na quarta-feira no
Equador, por iniciativa do governo brasileiro, inclui, além do próprio Brasil, EUA, México, Chile,
Espanha e Portugal. O objetivo do
grupo é "apoiar os esforços da
mesa de diálogo" conduzida pela
OEA (Organização dos Estados
Americanos) em Caracas.
A mesa de diálogo tenta há meses, sem sucesso, conseguir um
acordo entre o governo e a oposição para pôr um fim à crise política no país. A oposição, que promove uma greve geral desde o dia
2 de dezembro, quer a renúncia
de Chávez, cujo mandato termina
em 2007, ou a convocação de eleições antecipadas.
Em seu discurso de ontem, Chávez disse que convocar eleições
antecipadas seria inconstitucional. "Ninguém pode convocar
eleições adiantadas na Venezuela
porque não está na Constituição.
Seria dar um golpe à Constituição", afirmou.
Ele disse que uma saída seria a
aprovação de uma emenda constitucional, mas que o governo não
apresentará essa proposta. "Uma
emenda constitucional é possível,
mas não é o governo quem vai
propô-la. A oposição é que teria
que lutar por ela, enquanto nós
trataríamos de evitar [a sua aprovação"", disse. Num discurso duro, Chávez acusou ainda a elite e
os principais grupos de mídia do
país de tentar derrubá-lo. Disse
que eles já tentaram derrubá-lo,
sem conseguir, em abril, quando
um golpe frustrado o tirou da Presidência por dois dias.
"Nós não criamos nem buscamos essa confrontação", afirmou
Chávez. Ele classificou a greve geral de "uma monstruosidade promovida por uma classe cruel de
oligarcas".
O presidente afirmou que seu
governo prepara "procedimentos
administrativos" contra dois canais privados de TV, a quem acusou de ter "intenções golpistas".
"O novo ministro da Infra-estrutura, Diosdado Cabello, me
avisou que se preparam procedimentos administrativos contra os
canais de televisão", disse, sem
precisar quais são os canais e
quais medidas serão tomadas.
A mensagem anual de Chávez à
Assembléia Nacional foi boicotada pelos deputados de oposição,
que não acompanharam o discurso no Parlamento, onde o presidente tem maioria apertada.
Chávez afirmou que não cederá
"um palmo" diante das pressões
da oposição e que a atual crise não
será resolvida logo porque "há
um processo em curso de mudanças estruturais profundas", que,
segundo ele, conta com o apoio da
maioria da população. E afirmou
que 2003 será um ano de "aprofundamento da revolução bolivariana". "Não temos planos de retrocesso nem planos de derrota."
Com agências internacionais
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