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São Paulo, sábado, 18 de janeiro de 2003

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Chávez diz que não vai ceder e adverte Grupo de Amigos

DA REDAÇÃO

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, afirmou ontem que recusará a ajuda do Grupo de Amigos da Venezuela se seus integrantes reconhecerem as demandas da oposição, a qual acusou de "golpista" e "terrorista".
"Se algum país ou grupo de países, fazendo um diagnóstico, pretende dar uma legitimidade a esse grupo de golpistas, fascistas e terroristas... uma ajuda assim não precisamos", afirmou ele durante seu discurso anual na Assembléia Nacional. "Assim não me ajudam, compadres", disse.
Segundo ele, os integrantes do grupo precisam "reconhecer que há um governo legítimo na Venezuela" e que não há "duas forças em conflito com o mesmo nível de legitimidade". "Aqui há um governo que exige ser reconhecido como o único governo que há na Venezuela", disse. "Este é um governo democrático, uma República democrática."
O Grupo de Amigos da Venezuela, formado na quarta-feira no Equador, por iniciativa do governo brasileiro, inclui, além do próprio Brasil, EUA, México, Chile, Espanha e Portugal. O objetivo do grupo é "apoiar os esforços da mesa de diálogo" conduzida pela OEA (Organização dos Estados Americanos) em Caracas.
A mesa de diálogo tenta há meses, sem sucesso, conseguir um acordo entre o governo e a oposição para pôr um fim à crise política no país. A oposição, que promove uma greve geral desde o dia 2 de dezembro, quer a renúncia de Chávez, cujo mandato termina em 2007, ou a convocação de eleições antecipadas.
Em seu discurso de ontem, Chávez disse que convocar eleições antecipadas seria inconstitucional. "Ninguém pode convocar eleições adiantadas na Venezuela porque não está na Constituição. Seria dar um golpe à Constituição", afirmou.
Ele disse que uma saída seria a aprovação de uma emenda constitucional, mas que o governo não apresentará essa proposta. "Uma emenda constitucional é possível, mas não é o governo quem vai propô-la. A oposição é que teria que lutar por ela, enquanto nós trataríamos de evitar [a sua aprovação"", disse. Num discurso duro, Chávez acusou ainda a elite e os principais grupos de mídia do país de tentar derrubá-lo. Disse que eles já tentaram derrubá-lo, sem conseguir, em abril, quando um golpe frustrado o tirou da Presidência por dois dias.
"Nós não criamos nem buscamos essa confrontação", afirmou Chávez. Ele classificou a greve geral de "uma monstruosidade promovida por uma classe cruel de oligarcas".
O presidente afirmou que seu governo prepara "procedimentos administrativos" contra dois canais privados de TV, a quem acusou de ter "intenções golpistas".
"O novo ministro da Infra-estrutura, Diosdado Cabello, me avisou que se preparam procedimentos administrativos contra os canais de televisão", disse, sem precisar quais são os canais e quais medidas serão tomadas.
A mensagem anual de Chávez à Assembléia Nacional foi boicotada pelos deputados de oposição, que não acompanharam o discurso no Parlamento, onde o presidente tem maioria apertada.
Chávez afirmou que não cederá "um palmo" diante das pressões da oposição e que a atual crise não será resolvida logo porque "há um processo em curso de mudanças estruturais profundas", que, segundo ele, conta com o apoio da maioria da população. E afirmou que 2003 será um ano de "aprofundamento da revolução bolivariana". "Não temos planos de retrocesso nem planos de derrota."


Com agências internacionais


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