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São Paulo, sábado, 18 de janeiro de 2003

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Soldados tomam fábrica da Coca-Cola

DA REDAÇÃO

Soldados da Guarda Nacional da Venezuela, armados com metralhadoras e pistolas, tomaram ontem o controle de uma engarrafadora da Coca-Cola no Estado de Carabobo (oeste do país) para distribuir seus produtos, em falta por causa da greve geral iniciada no dia 2 de dezembro. No fim da tarde, uma cervejaria na mesma região também foi tomada.
Na semana passada, o presidente Hugo Chávez havia ameaçado enviar as Forças Armadas para tomar indústrias alimentícias paradas pela greve para garantir o abastecimento de produtos de primeira necessidade.
A Câmara de Comércio EUA-Venezuela denunciou as ações como "violação dos direitos à propriedade privada".
"Estamos distribuindo esses produtos à população porque os direitos coletivos vêm à frente dos direitos individuais", afirmou o general Luis Felipe Acosta Carles, chefe da Guarda Nacional, em frente à sede da engarrafadora Panamco na cidade de Valencia, no Estado de Carabobo (oeste).
Segundo o general Acosta, suas tropas fariam distribuição de água e refrigerantes encontrados nos armazéns da empresa.
Diante de uma pilha de caixas de cerveja preta sem álcool, Acosta tirou uma garrafa, levantou-a como um troféu, bebeu e soltou um arroto, diante das câmeras.
"Esse é um produto de primeira necessidade para as crianças, e eles o têm aqui estocado. Isso é um delito", afirmou. Apelidado de "Rambo" no país, o general voltou a soltar seu "grito de guerra" após a tomada da cervejaria Polar, a maior do país. Acosta disse ter seguido ordens de Chávez.
Ao ameaçar as indústrias alimentícias, na semana passada, Chávez também havia criticado as empresas de comunicação e, particularmente, o empresário Gustavo Cisneros, dono da TV Venevisión e um dos diretores da Panamco. Ele foi acusado de conspirar para derrubar Chávez.
A Panamco, baseada em Miami, é a maior engarrafadora de refrigerantes da América Latina e uma das três maiores engarrafadora de Coca-Cola em todo o mundo. No Brasil, a empresa tem 25% do mercado de produtos Coca-Cola.
"A Guarda Nacional está aqui na fábrica como se estivesse pronta para tomar uma base guerrilheira, porque estão andando por aí armados com rifles, metralhadoras e pistolas", disse o gerente da fábrica, Romulo Salazar.
A greve geral comandada pela oposição atingiu com força a indústria de petróleo, principal atividade econômica do país. A Venezuela, quinto maior produtor mundial de petróleo, tem cerca de 80% de suas receitas com exportações vinculadas ao produto.
Muitas indústrias alegam não ter como distribuir seus produtos por causa da falta de combustível provocada pela paralisação na PDVSA, a estatal petrolífera.
A oposição, que acusa Chávez de arruinar o país com suas políticas populistas, quer pressioná-lo, com a greve, a renunciar ou convocar eleições antecipadas. Chávez, cujo mandato vence em 2007, diz que não renunciará e que seguirá a Constituição, que só permite a realização de um referendo a partir de agosto, quando seu governo chega à metade.


Com agências internacionais


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