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Soldados tomam fábrica da Coca-Cola
DA REDAÇÃO
Soldados da Guarda Nacional
da Venezuela, armados com metralhadoras e pistolas, tomaram
ontem o controle de uma engarrafadora da Coca-Cola no Estado
de Carabobo (oeste do país) para
distribuir seus produtos, em falta
por causa da greve geral iniciada
no dia 2 de dezembro. No fim da
tarde, uma cervejaria na mesma
região também foi tomada.
Na semana passada, o presidente Hugo Chávez havia ameaçado
enviar as Forças Armadas para tomar indústrias alimentícias paradas pela greve para garantir o
abastecimento de produtos de
primeira necessidade.
A Câmara de Comércio EUA-Venezuela denunciou as ações como "violação dos direitos à propriedade privada".
"Estamos distribuindo esses
produtos à população porque os
direitos coletivos vêm à frente dos
direitos individuais", afirmou o
general Luis Felipe Acosta Carles,
chefe da Guarda Nacional, em
frente à sede da engarrafadora Panamco na cidade de Valencia, no
Estado de Carabobo (oeste).
Segundo o general Acosta, suas
tropas fariam distribuição de
água e refrigerantes encontrados
nos armazéns da empresa.
Diante de uma pilha de caixas
de cerveja preta sem álcool, Acosta tirou uma garrafa, levantou-a
como um troféu, bebeu e soltou
um arroto, diante das câmeras.
"Esse é um produto de primeira
necessidade para as crianças, e
eles o têm aqui estocado. Isso é
um delito", afirmou. Apelidado
de "Rambo" no país, o general
voltou a soltar seu "grito de guerra" após a tomada da cervejaria
Polar, a maior do país. Acosta disse ter seguido ordens de Chávez.
Ao ameaçar as indústrias alimentícias, na semana passada,
Chávez também havia criticado as
empresas de comunicação e, particularmente, o empresário Gustavo Cisneros, dono da TV Venevisión e um dos diretores da Panamco. Ele foi acusado de conspirar para derrubar Chávez.
A Panamco, baseada em Miami,
é a maior engarrafadora de refrigerantes da América Latina e uma
das três maiores engarrafadora de
Coca-Cola em todo o mundo. No
Brasil, a empresa tem 25% do
mercado de produtos Coca-Cola.
"A Guarda Nacional está aqui
na fábrica como se estivesse pronta para tomar uma base guerrilheira, porque estão andando por
aí armados com rifles, metralhadoras e pistolas", disse o gerente
da fábrica, Romulo Salazar.
A greve geral comandada pela
oposição atingiu com força a indústria de petróleo, principal atividade econômica do país. A Venezuela, quinto maior produtor
mundial de petróleo, tem cerca de
80% de suas receitas com exportações vinculadas ao produto.
Muitas indústrias alegam não
ter como distribuir seus produtos
por causa da falta de combustível
provocada pela paralisação na
PDVSA, a estatal petrolífera.
A oposição, que acusa Chávez
de arruinar o país com suas políticas populistas, quer pressioná-lo,
com a greve, a renunciar ou convocar eleições antecipadas. Chávez, cujo mandato vence em 2007,
diz que não renunciará e que seguirá a Constituição, que só permite a realização de um referendo
a partir de agosto, quando seu governo chega à metade.
Com agências internacionais
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