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São Paulo, terça-feira, 18 de fevereiro de 2003

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CRISE NA ÁSIA

Exército norte-coreano diz que eventuais sanções contra o país levariam Pyongyang a abandonar cessar-fogo de 1953

Coréia do Norte ameaça deixar armistício

DA REDAÇÃO

O Exército da Coréia do Norte ameaçou ontem abandonar o armistício de 1953, que colocou um fim aos combates da Guerra da Coréia (1950-53), se sanções como um bloqueio naval forem impostas ao país por causa da crise nuclear que vem se arrastando desde o ano passado.
"O Exército do Povo da Coréia [do Norte] ficará sem opção, a não ser abandonar o armistício do qual é signatário, se eventuais sanções forem impostas", disse um comunicado do alto comando militar norte-coreano.
O texto afirma que os EUA estaria planejando um aumento de suas forças próximas à península Coreana para "conduzir uma operação de bloqueio naval, o que poderia ser visto, no longo prazo, como uma declaração de guerra".
"Se os EUA continuarem a usar o armistício como quiserem, não há necessidade de que a Coréia do Norte continue desconfortavelmente ligado a ele", afirmou ainda o comunicado.
O conflito entre as duas Coréias não chegou a ser resolvido definitivamente por um tratado de paz.
A guerra, que envolveu a China, pelo lado norte-coreano, e tropas da ONU lideradas pelos EUA, pelo lado sul-coreano, chegou perto de se transformar em um conflito mundial. Para garantir a segurança de seus aliados sul-coreanos, os EUA mantêm quase 40 mil soldados acantonados no território da Coréia do Sul.

Seul
Em Seul, o ministro da Defesa sul-coreano disse que nenhuma movimentação militar do norte havia sido verificada, o que indicaria que a nova ameaça não passaria de mais uma bravata norte-coreana. "Nada tem acontecido de diferente", disse um porta-voz do ministério, falando sobre o monitoramento diário que Seul faz da área de fronteira.
A tensão entre Washington e Pyongyang aumentou depois que autoridades americanas disseram, em outubro, que a Coréia do Norte havia admitido desenvolver um programa secreto de armas nucleares.
Um programa do gênero viola um acordo de 1994 com os EUA, que se comprometiam a fornecer energia para a Coréia do Norte caso o país suspendesse operações em suas instalações nucleares.
Em dezembro, os EUA suspenderam o envio de combustível, dizendo que o tratado não era mais aplicável. Pyongyang então colocou em funcionamento seu reator nuclear. Washington teme que o combustível reciclado desse reator sirva também para construir armas nucleares.
Em janeiro, a Coréia do Norte deixou o Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP). A Agência Internacional de Energia Atômica declarou o país em falta com suas obrigações internacionais e enviou a questão para ser discutida no Conselho de Segurança das Nações Unidas.


Com agências internacionais


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