São Paulo, segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

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Ex-Província celebra com tiros, fogos e bandeiras da Albânia

DA REDAÇÃO

"Está feito! Somos independentes!", gritaram milhares de albano-kosovares nas ruas de Pristina ao ouvir o esperado anúncio, que chegou às 15h49 do domingo (hora local), na voz do presidente do Parlamento de Kosovo, Jakup Krasniqi. Desconhecidos se abraçavam aos berros de "feliz independência!", enquanto os primeiros fogos de artifício subiam, ofuscados pela claridade.
Orquestrado há semanas, o ato foi transmitido pela TV e por alto-falantes instalados pela rádio pública na avenida Madre Teresa. Lá, onde em junho de 1999 os kosovares celebraram a retirada das tropas sérvias, bombardeadas pela Otan, não faltaram imagens do líder rebelde Adem Jashari e de Ibrahim Rugova, eleito presidente da Província sob mandato da ONU, em 2006. A onipresente bandeira vermelha da Albânia dividia espaço com a norte-americana.
"Conseguimos!", gritou a jornalista albano-kosovar Rina Meta, 22. "É tão estranho para a minha geração ver a história passar diante dos nossos olhos", disse, antes de ser abraçada pelo músico Oreste Nimani, 34, aos pulos. "Não sei se devo chorar ou rir. Espero este momento há muito tempo", contou o rapaz, exultante.
As comemorações também tiveram momentos de tensão. Segundo a polícia, quatro pessoas, incluindo um menino de 11 anos e outro de 12, ficaram feridas por tiros durante os festejos na avenida Madre Teresa. Não se tratava, porém, de conflitos ou ataques de minorias preteridas: as salvas de tiros, com as quais alguns kosovares celebraram a independência, provocaram uma enxurrada de balas perdidas, que Pristina não enfrentava desde o fim dos conflitos, em 1999.

Minoria sérvia
Alguns albano-kosovares saudavam estrangeiros em inglês e francês, com "merci!" e "hello!", para agradecer pelo apoio. Ao contrário da tentativa de declarar independência em 1999, duramente reprimida por Belgrado e reconhecida apenas pela Albânia, o ato conta com a simpatia de países como EUA, Reino Unido e França. Nenhum deles, porém, acatou formalmente ainda a decisão.
No norte de Kosovo, bandeiras da Sérvia tremulavam sob um vento gelado, marcando a irredutível presença eslava. Não houve tumultos generalizados. Os sérvios -ocupantes históricos do território e cerca de 7% dos kosovares- se esforçaram para ignorar as barulhentas comemorações dos vizinhos. Transformados em minoria no novo Estado, eles temem perseguições.
Houve episódios isolados de violência, sem vítimas. Duas granadas foram lançadas contra o escritório civil da União Européia, mas não explodiram. Um tribunal da ONU na região também foi alvejado. Uma pequena explosão danificou um muro do prédio, mas ninguém ficou ferido.


Com agências internacionais


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