São Paulo, segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

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EUA estão cautelosos, e russos querem que ONU anule decisão

DA REDAÇÃO

Foi com estudada cautela que os Estados Unidos reagiram ontem à declaração unilateral de independência da Província sérvia de Kosovo, sem, no entanto, fechar as portas para que estejam entre os primeiros a reconhecer o novo Estado.
A prioridade era a de, aparentemente, nada fazer que possa ser interpretado pela Rússia ou pelos sérvios como um ato diplomático de provocação.
Nota do Departamento de Estado afirma que o governo americano considera positiva a disposição kosovar de assegurar os direitos das minorias étnicas -7% da população do território é sérvia- e diz que discutirá o assunto com seus parceiros europeus.
O presidente George W. Bush, que estava ontem na Tanzânia, disse que seu governo faria de tudo para evitar novos conflitos nos Bálcãs.

Rússia na ONU
A Rússia convocou ontem o Conselho de Segurança para invalidar a independência de Kosovo, numa reunião que terminou sem consenso. A delegação de Moscou procurava apenas marcar posição. Três outros membros permanentes do órgão, os EUA, o Reino Unido e a França, que têm poder de veto, concordam com a independência e estarão entre os primeiros a reconhecer o novo Estado.
O embaixador russo na ONU, Vitaly Churkin, disse estar preocupado com a integridade da minoria sérvia em Kosovo.
Em Bruxelas, a União européia e a Otan, aliança militar ocidental, também lançaram apelos à calma, temendo confrontos semelhantes aos que ocorreram nos anos 90, após o colapso da Iugoslávia.
"Não estamos numa corrida para saber quem reconhecerá em primeiro lugar o novo país", disse o ministro sueco das Relações Exteriores, Carl Bildt, para quem é preciso calma numa região bastante volátil.

Apelo ao comedimento
O comissário para relações externas da UE, o espanhol Javier Solana, disse estar em contato com os governantes do bloco para que todos priorizem a segurança e a estabilidade. "Estou convencido de que os governantes kosovares exercerão suas responsabilidades nesse momento crucial."
O secretário-geral da Otan, Jaap de Hoop-Scheffer, disse que sua organização, que mantém 16 mil homens em Kosovo, "exorta a todos a atuar com o máximo comedimento".
O ministro do Exterior da Eslováquia distribuiu declaração em que afirma não ter a intenção de reconhecer o novo país. Posição idêntica, na UE, é compartilhada por Grécia e Romênia (próximas dos Bálcãs), Espanha (que teme o precedente para os nacionalistas bascos e catalães) e Chipre (que rejeitaria a independência de sua comunidade etnicamente turca).
A União Européia já deu até agora a Kosovo US$ 2,9 bilhões e dará US$ 484 milhões nos próximos três anos.


Com agências internacionais


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