|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELEIÇÃO AMERICANA /SUPERDELEGADOS
Visado, Gore opta por neutralidade
Prêmio Nobel e outros superdelegados tentam protelar endosso até etapa final para evitar divisão de democratas
Apoio de ex-vice-presidente poderia definir corrida entre Hillary e Obama, a qual adia decisão sobre candidatura e poderá enfraquecer partido
DON VAN NATTA JR.
JO BECKER
DO "NEW YORK TIMES"
Para manter aberta a chance
de mediarem uma decisão sobre o nome que o Partido Democrata lançará à Presidência,
o ex-vice-presidente Al Gore e
outras figuras-chaves na legenda vão se manter neutros por
ora, disseram membros da
agremiação na última sexta.
Há temores de que, com a
disputa acirrada entre Barack
Obama e Hillary Clinton, o processo se alongue até a convenção partidária, no fim de agosto, e acabe nas mãos dos chamados "superdelegados". Esses
são 796 membros graduados do
partido, em um universo de
4.049 votos, que decidem em
quem votar independentemente dos resultados das prévias.
Os sinais de que os líderes do
partido estão pensando se -e
como- vão intervir reflete a
preocupação de alguns democratas de não correr o risco de
uma batalha interna, que os enfraqueceria ante os republicanos. Gore manteve reuniões
com correligionários de peso
na última semana, incluindo a
presidente da Câmara, Nancy
Pelosi.
Nenhum deles já endossou
um candidato, embora Pelosi
tenha dado declarações na sexta que foram interpretadas por
muitos como sinal de apoio a
Obama, ao falar do processo
que o partido deve empregar
para escolher seu candidato.
Poucas pessoas estão sendo
observadas com mais atenção
do que Gore. Alçado à condição
de estrela pop pela campanha
contra o aquecimento global
que lhe rendeu o Nobel da Paz
do ano passado, o político vem
sendo alvo de lobby intenso de
Hillary e de Obama.
Ressentimentos
Aliados de Gore afirmam
com amargura que, em 2000, o
então popular presidente Bill
Clinton foi mais ativo na disputa da mulher por uma vaga no
Senado do que na campanha
presidencial de seu vice, que
concorria com George W. Bush.
Kalee Kreider, diretora de
comunicações do ex-vice-presidente, disse que ele ainda
"não tem planos de apoiar um
candidato". Mas quatro aliados
próximos do Nobel da Paz disseram que altos funcionários
do partido o consultaram para
ouvir seus conselhos sobre o
que os superdelegados devem
fazer se, após a última prévia
democrata, que terá lugar em
Porto Rico em 7 de junho, nem
Obama, nem Hillary acumularem os 2.025 delegados necessários para a candidatura.
As campanhas de Hillary e
Obama estão fazendo lobby ativo pelos superdelegados. É
uma batalha que ganhou mais
atenção depois de o deputado
John Lewis, da Geórgia, que tinha endossado Hillary, ter
anunciado na quinta que, se a
batalha pela indicação chegar à
convenção, daria seu voto de
superdelegado a Obama.
Bill Clinton vem fazendo ligações freqüentes para pedir
votos para a mulher, e os representantes de Obama estão
pressionando para que os superdelegados dos Estados em
que ele venceu as prévias declarem apoio ao senador.
O papel dos superdelegados é
tema de discussão. A campanha
de Hillary, que está perdendo
na contagem de delegados comuns, defende que eles devem
ser livres para escolher o candidato. Já a de Obama defende
que sigam a vontade dos eleitores, demonstrada nas prévias.
Num jantar reservado, o ex-candidato John Edwards falou
que conversara recentemente
com Gore sobre os benefícios
da neutralidade.
Um assessor do ex-vice-presidente disse que representantes de Hillary e Obama tentaram obter seu endosso. Mas ele
continua a negar-se a dar o menor indício de quem favorecerá.
A eleição presidencial nos
EUA será em 4 de novembro.
Tradução de CLARA ALLAIN
Texto Anterior: Artigo: Os EUA e o monstro Próximo Texto: Americanas Índice
|