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FRANÇA
Segundo turno de pleitos municipais é termômetro para eleições gerais de 2002, quando serão escolhidos premiê e presidente
Paris define embate entre esquerda e direita
CLAUDIA ASSEF
DE PARIS
Além de eleger os novos prefeitos da França, a votação do segundo turno das eleições municipais,
que se realiza hoje, servirá como
termômetro para um embate ainda maior: as eleições gerais de
2002, quando serão escolhidos os
novos presidente e primeiro-ministro.
O foco da briga entre os partidos de direita e de esquerda deverá se concentrar nas eleições de
Paris. Administrada por prefeitos
de direita desde 1977, a cidade poderá passar para as mãos da esquerda com a votação de hoje.
Depois de conseguir 31% dos
votos do primeiro turno, o candidato do PS (Partido Socialista),
Bertrand Delanoë, conta agora
com o apoio dos Verdes na disputa -que obtiveram 12% do total
de votos no domingo passado.
Uma vitória de Delanoë fortaleceria o premiê francês, Lionel Jospin, figura forte do PS e padrinho
político de Delanoë, na marcha
para as eleições gerais de 2002.
Ao contrário do que vinham
prevendo os institutos de pesquisa de opinião, o candidato do partido de direita (RPR) não fez feio
nas urnas. Philippe Séguin, representante do partido do presidente
Jacques Chirac, conseguiu 25,7%
dos votos dos parisienses.
"Paris é uma cidade historicamente de direita, era mesmo de se
estranhar que seus eleitores mudassem radicalmente de idéia, como anunciaram alguns institutos
de pesquisa de opinião", avalia o
cientista político Henry Rey, do
Cevipof (Centro de Estudos da
Vida Política Francesa).
Até o atual prefeito de Paris,
Jean Tiberi, dissidente do RPR
que era dado como "morto" em
sua tentativa de reeleição, conseguiu expressivos 14% dos votos.
"Por causa das pesquisas, que
falavam numa ampla vantagem
para o PS, a votação de primeiro
turno em Paris foi uma boa surpresa para a direita e uma decepção para a esquerda", disse Henry
Rey à Folha.
Segundo ele, a cidade vem ensaiando uma mudança de orientação política desde que o então
prefeito Jacques Chirac deixou a
administração de Paris, em 1995.
"Em Paris, a classe trabalhadora, com maior tendência a votar
nos candidatos de esquerda, é formada por estrangeiros, gente que
não tem direito ao voto", diz Rey.
"Porém, sentimos que cada vez
mais classes sociais começam a
flertar com as propostas da esquerda", avalia o cientista político.
A perspectiva de chegar ao segundo turno com fôlego fez Séguin deixar para trás uma antiga
rixa política.
Na sexta-feira, o candidato do
RPR anunciou que estava pronto
para se encontrar com o prefeito
Jean Tiberi. Durante a campanha
eleitoral, Séguin se recusou diversas vezes a aparecer ao lado de Tiberi, inclusive durante debates.
"É preciso unir forças para não
deixar a cidade escapar das nossas
mãos", disse Séguin na TV, colocando-se no mesmo saco que seu
ex-inimigo Tiberi.
Séguin disse ainda que, apesar
de ter passado por um momento
desfavorável antes do primeiro
turno, os eleitores poderiam
apostar num "sprint final" da direita hoje. "A massa demorou a
dar o ponto de liga, mas não desandou", disse ainda.
Da parte de Tiberi, as desavenças com Séguin também parecem
ser coisa do passado. Em entrevista a um jornal francês, o prefeito
de Paris disse que fará "qualquer
coisa para derrotar a esquerda".
Levando-se em conta as alianças feitas depois do primeiro turno, esquerda e direita começam o
dia de hoje em Paris em pé de
igualdade.
No primeiro turno, a direita
-de Séguin, Tiberi- somou
44,3% dos votos, enquanto a esquerda -de Delanoë e dos Verdes- conseguiu 43,7% dos votos.
Os institutos de pesquisa não divulgaram pesquisas de boca-de-urna para o segundo turno.
Apontado como favorito antes
do primeiro turno, o socialista
Delanoë disse em seu último comício, na quinta à noite, que contava, unicamente, "com o bom
senso da população".
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