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REFUGIADOS
Guerras e seca forçaram centenas de milhares de pessoas a deixar suas casas à procura de melhores condições de vida
Sem ajuda, afegãos fogem para o Paquistão
ALEX RIBEIRO
EDITOR DE FOTOGRAFIA
DO "AGORA SÃO PAULO"
Ao pisar no Paquistão, a imagem de mulheres com os rostos
cobertos e homens com turbantes
coloridos revelava o que seria essa
viagem pelo interior do país em
busca da dignidade dos refugiados afegãos.
Expulsas de seu país e vivendo
aprisionadas às próprias roupas
sem ter nenhum direito, as pessoas deixaram para trás histórias
de famílias inteiras chacinadas em
praça pública para recomeçar a
vida nos campos de refugiados do
Paquistão.
Além de sucessivas guerras, a
seca gravíssima que atinge o Afeganistão há dois anos forçou centenas de milhares de pessoas a
deixar suas casas à procura de
melhores condições de vida.
Além disso, segundo a ONU, mais
de 150 pessoas morreram de frio
em fevereiro, na região de Herat
(oeste do Afeganistão). Nessa região, há seis campos de refugiados, nos quais vivem mais de 100
mil pessoas.
Em setembro do ano passado,
descobri na Internet um site com
histórias de mulheres que se organizaram para lutar contra a intransigência do Taleban, o grupo
extremista islâmico que atualmente controla mais de 90% do
Afeganistão.
Após rápida passagem por Islamabad, a capital do Paquistão,
percorri 170 km durante três horas até a cidade de Peshawar.
Ali já pude deparar com alguns
refugiados, principalmente mulheres, facilmente identificadas
pela burga -pano que cobre totalmente o rosto.
Após o encontro com a Rawa
-a Associação das Mulheres Revolucionárias do Afeganistão, que
me fez o convite para esta viagem-, fui levado para o campo
de refugiados de Hyuan, situado
no deserto a 25 km de Peshawar e
50 km da fronteira com o Afeganistão.
Fiquei em Hyuan durante dez
dias e de lá visitei outros campos
numa ambulância para não despertar suspeitas.
Erguido após a guerra entre a
Rússia e o Afeganistão (1979-1989), Hyuan é um campo antigo
que abriga cerca de 3.000 refugiados. Parece um forte, cercado por
quatro guaritas com vigias armados. Professores e alunos se revezam na vigilância. Hyuan é um
campo "moderno": possui duas
escolas, posto médico e produz e
vende tapetes, roupas e cobertores. O dia-a-dia em Hyuan é muito duro. Nas olarias, crianças trabalham de sol a sol, fazendo tijolos para ganhar R$ 3 por dia.
Alex Ribeiro viajou ao Paquistão a convite da Rawa (Associação das Mulheres Revolucionárias do Afeganistão). O site da
organização, com sede no Paquistão, é
www.rawa.org
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