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IRAQUE OCUPADO
EUA dizem que atentado tem marca de grupos terroristas islâmicos; estrangeiros estão entre os hóspedes
Ataque destrói hotel e mata 27 em Bagdá
DA REDAÇÃO
Pelo menos 27 pessoas morreram e 41 foram feridas em um novo atentado em Bagdá, que atingiu um hotel residencial no centro
da cidade três dias antes do primeiro aniversário da Guerra do
Iraque. Entre os hóspedes havia
americanos, britânicos e egípcios.
Para o comando americano, o
ataque de ontem -que, segundo
informações preliminares, foi
realizado com um carro-bomba- tem a marca de redes terroristas islâmicas como o Ansar al
Islam e a organização de Abu Musab al Zarqawi, supostamente ligados à Al Qaeda, a rede responsável pelo 11 de Setembro.
"A bomba tinha 460 quilos de
explosivo plástico e projéteis de
artilharia misturados a outros explosivos, para ferir mais", disse o
coronel Ralph Baker, chefe da 1ª
Divisão Blindada. "Isso se encaixa
no perfil das organizações terroristas islâmicas que estamos combatendo nos últimos 12 meses."
O hotel Monte Líbano era habitado por americanos, britânicos,
egípcios e jordanianos. Pelo menos dois britânicos foram feridos.
O general Mark Hertling, vice-comandante da mesma divisão,
afirmou não crer que os executores do ataque sejam simpatizantes
do ex-ditador Saddam Hussein
(1979-2003), cujo alvo preferencial são as forças de ocupação.
Logo após a explosão, dois soldados dos EUA haviam sido veementemente rechaçados pela
multidão de iraquianos ao tentarem retirar alguns corpos. Horas
após depois do atentado, ocorrido por volta das 20h, equipes iraquianas, auxiliadas por militares
americanos, procuravam vítimas
em meio aos escombros.
A maior parte das vítimas estava em casas e lojas vizinhas ao
Monte Líbano, que fica no bairro
de Karrada. Perto dali estão o Hotel Palestine, atingido pelos EUA
durante a guerra, e a praça Al Firdos, celebrizada pela derrubada
da estátua de Saddam, em abril.
Os cinco andares do hotel vieram abaixo com a explosão, que
abriu na rua uma cratera de 2,5
metros de largura por 3 metros de
profundidade. Com o calor e o
impacto, oito carros pegaram fogo -um deles foi jogado contra a
fachada de uma loja. Tijolos, pedaços de metal e aparelhos de ar-condicionado foram arremessados a centenas de metros do local.
"Só pode ter sido um carro-bomba. Nenhum foguete causaria
tamanho estrago", disse o soldado Heath Balick. Não se sabe ainda se a explosão foi detonada remotamente ou por um suicida.
Alvos vulneráveis
O ataque ao Monte Líbano confirma a tendência da insurgência
iraquiana, que, em seus últimos
ataques, tem visado os chamados
"soft targets" (alvos vulneráveis).
O hotel -como acontece com a
maioria das delegacias iraquianas- não conta com barreiras
protetoras de concreto e outras
medidas de segurança que protegem, por exemplo, instalações da
coalizão liderada pelos EUA.
"Toda vez que acham um alvo
vulnerável cheio de gente, eles
aproveitam para aumentar as baixas", disse o líder sunita Adnan
Pachachi, membro do Conselho
de Governo Iraquiano. "Não há
nenhuma defesa contra esse tipo
de ataque", acrescentou. Outro
membro do conselho, o xiita Mowaffak al Rubaie, disse que os
atentados visam interromper o
processo político no país.
Com a aproximação da devolução da soberania iraquiana, marcada para 30 de junho próximo,
os militares americanos já advertiram que o número de ataques
deve crescer -expectativa reforçada ante o aniversário da guerra.
Washington ofereceu condolências às vítimas, mas disse que
os ataques não mudarão sua política para o país. "A democracia
está criando raízes no Iraque, não
há como reverter esse processo",
disse o porta-voz da Casa Branca,
Scott McClellan. "É um momento
de provação, mas os terroristas
não vão prevalecer."
Com agências internacionais
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