São Paulo, quinta-feira, 18 de março de 2004

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ATENTADOS EM MADRI

Reino Unido e EUA criticam posição espanhola; grupo que reivindicou ataques anuncia "trégua"

Para Zapatero, ocupação do Iraque é "fiasco"

DA REDAÇÃO

O futuro premiê da Espanha, José Luis Rodríguez Zapatero, disse ontem que a ocupação do Iraque "está se tornando um fiasco" e reafirmou a intenção de retirar os 1.300 soldados espanhóis que estão no país se a ONU não assumir o controle das operações no país a partir de junho.
"Combater com bombas e mísseis Tomahawk não é a maneira de se derrotar o terrorismo. O terrorismo é combatido pelo Estado de Direito. É o que eu acho que a Europa e a comunidade internacional precisam debater", disse o líder do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) a uma rádio.
O diário árabe "Al Hayat", editado em Londres, recebeu fax em que as Brigadas dos Mártires de Abu Hafs al Masri, que reivindicaram os ataques de quinta-feira passada, anunciam a interrupção das "operações em território espanhol contra objetivos civis".
No fax, o grupo islâmico diz que "o povo espanhol elegeu a paz" ao tirar o PP (Partido Popular) e José María Aznar do poder. As brigadas supostamente anunciaram uma trégua temporária enquanto aguardariam as orientações do novo governo espanhol.
Já o jornal "Al Quds Al Arabi", também editado na capital britânica, publicou hoje um comunicado atribuído conjuntamente à Al Qaeda e às Brigadas dos Mártires de Abu Hafs al Masri. A nota cita o Japão, a Itália, o Reino Unido e a Austrália como futuros alvos de atentados terroristas: "Nossas brigadas se preparam agora para um novo golpe".

"Grave erro"
O subsecretário da Defesa dos EUA, Paul Wolfowitz, disse que ficou "desconcertado" com as declarações de Zapatero e afirmou que a ocupação não foi um fiasco "para os cerca de 25 milhões de iraquianos". "Cometem um grave erro se pensam que o terrorismo os deixará tranqüilos se simplesmente se retirarem do Iraque."
Perguntado sobre qual seria sua reação se o presidente americano, George W. Bush, pedisse que reconsiderasse a decisão de sair do Iraque, Zapatero afirmou: "Vou escutar o sr. Bush, mas minha posição é bastante firme e clara".
Durante a campanha, Zapatero prometeu retirar as tropas do Iraque e disse que torcia por uma vitória do virtual candidato democrata, John Kerry, nas eleições presidenciais americanas.
No Parlamento do Reino Unido, o premiê Tony Blair também reagiu às declarações de Zapatero. "A idéia de que se desistíssemos da questão do Iraque seria o fim do problema é completamente ingênua." Para Blair, os ataques de Madri, que mataram 201 pessoas, mostram que ou a comunidade internacional enfrenta o terrorismo ou será derrotada por ele. "Quando as pessoas falam que os ataques recentes são uma retaliação, deveriam reconhecer que o 11 de Setembro foi um ataque não provocado e que esses fanáticos não pararão diante de nada."
O ministro das Finanças do Reino Unido, Gordon Brown, anunciou que o país vai destinar 6 bilhões de libras (cerca de R$ 32 bilhões) para o combate ao terror.


Com agências internacionais


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