São Paulo, quinta-feira, 18 de março de 2004

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ORIENTE MÉDIO

Choques já deixaram ao menos 24 mortos na última semana

Síria intensifica repressão a distúrbio curdo no país

DA REDAÇÃO

Enfrentamentos na última semana na Síria entre curdos e forças do regime do ditador Bashar al Assad já deixaram pelo menos 24 vítimas -17 curdos, quatro árabes e três policiais. Fontes curdas na Europa falam em mais de cem mortos e 2.000 detidos.
A autonomia da minoria curda no Iraque está fazendo com que os curdos na Síria lutem por mais direitos no país e pode ter reflexos também no Irã e na Turquia. Em todos esses países os curdos são minoritários e sofrem repressão dos governos.
No norte do país, as forças de segurança da Síria intensificaram ontem a repressão contra a minoria curda. Ao menos oito curdos morreram.
A violência eclodiu na última sexta-feira antes de uma partida de futebol envolvendo uma equipe curda e uma árabe na cidade de Qamishli (norte da Síria).
"Os curdos na Síria estão sob muita pressão. O que está ocorrendo na Síria pode ser considerado uma guerra contra os curdos", disse Abdel Baqi Yousef, secretário-geral do Yikiti, um dos grupos curdos mais ativos na Síria.
Há 1,5 milhão de curdos na Síria, um país de 18, 5 milhões de habitantes. O regime não reconhece os curdos como uma minoria e sempre combateu qualquer iniciativa por autonomia, como a Turquia e o Irã. Os curdos da Síria, segundo analistas, estão se espelhando nos do Iraque, onde desfrutam de ampla autonomia desde o início dos anos 1990, protegidos pelos EUA do então ditador Saddam Hussein.
"Algumas forças estrangeiras estão tentando se beneficiar desses eventos [dos enfrentamentos]", disse o vice-presidente sírio, Abdul-Halim Khaddam, em uma referência indireta aos EUA. Lideranças curdas negaram que os americanos estejam envolvidos.
O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA Adam Ereli pediu o fim da repressão síria: "Os cidadãos de origem curda têm protestado para conseguir direitos iguais [aos árabes]. As autoridades não só mataram e feriram os manifestantes, como também afetaram o cotidiano das cidades de maioria curda". Os EUA devem impor nos próximos dias sanções à Síria, disse ontem o subsecretário de Estado americano Richard Armitage. Ele acrescentou que Assad "está numa encruzilhada" e deve decidir se apóia ou combate o terrorismo. Damasco nega apoiar o terrorismo.
Os choques de ontem chegaram a Aleppo, segunda cidade do país. Informações não confirmadas dizem que até mesmo em Damasco teria havido enfrentamentos.
Iraque, Síria e Irã temem que os mais de 20 milhões de curdos da região tentem formar um país próprio. A Constituição provisória do Iraque concede grande autonomia aos curdos, apesar de protestos de outros setores iraquianos.


Com agências internacionais


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