DA REDAÇÃO

Kosovo foi palco ontem do maior conflito entre albaneses e sérvios étnicos desde que a ONU e a Otan (aliança militar ocidental) assumiram o controle da região, em 1999, após a guerra. Catorze pessoas morreram, e mais de 300 foram feridas -inclusive membros da força de paz da ONU.
Os confrontos se estenderam de Mitrovica, no norte, a Urosevac (sul). Segundo a agência de notícias sérvia Beta, quatro kosovares de origem sérvia foram mortos em Lipljan, onde albaneses étnicos queimaram casas sérvias.
No meio da noite, centenas de albaneses étnicos cercaram o encrave sérvio em Pristina, a capital, incendiaram carros da ONU e apedrejaram policiais, que reagiram com balas de borracha.
Derek Chappell, que faz parte das tropas da ONU, disse que a situação estava "muito perigosa" e assumiu "grandes proporções".
A onda de violência começou quando kosovares de origem albanesa se reuniram em Mitrovica para protestar contra a morte de dois meninos, afogados após serem perseguidos por um grupo de sérvios étnicos até se jogarem em um rio gelado. Os sérvios estavam se vingando de um ataque a tiros que feriu um adolescente em um vilarejo próximo.
Durante o protesto, foram disparados tiros e arremessadas granadas. A polícia e os soldados da ONU revidaram com gás lacrimogêneo e balas de borracha para evitar que os albaneses avançassem pelo lado sérvio da cidade, dividida ao meio por um rio.
O Supremo Conselho de Defesa de Sérvia e Montenegro deve se reunir em Belgrado para debater eventuais medidas. O premiê Vojislav Kostunica havia descartado uma ação militar em Kosovo.
A região, uma Província autônoma, pertence ao território servo-montenegrino, mas se encontra sob administração da ONU desde o bombardeio da Otan, em 1999, que encerrou a guerra entre albaneses étnicos e sérvios.