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Compatriotas temem retaliação violenta
Presidente se diz "chocado" com massacre; alunos coreanos consideram abandonar universidade temendo perseguição
País asiático é o primeiro em universitários estrangeiros nos EUA, com 93 mil alunos; para imprensa local, Cho era "distante da comunidade"
DA REDAÇÃO
Revelada a identidade do homem que matou 32 pessoas anteontem em uma universidade
na Virgínia, o temor de retaliações alarmou o governo em
Seul e a comunidade sul-coreana nos EUA, dominando de
manchetes de jornais locais a
fóruns na internet.
"O que aconteceu na segunda-feira, se é que aconteceu,
não tem volta. Mas nós (coreanos) podemos passar a ser desdenhados como assassinos malucos. Podia acontecer com
qualquer raça", escreveu o internauta mnm744 no webfórum do jornal "Korean Herald". Era parte de uma longa
discussão sobre o peso da nacionalidade no massacre, considerado o pior do gênero nos
EUA.
No início do dia, quando o
nome de Cho Seung-hui -um
sul-coreano de 23 anos que
desde os oito vivia nos EUA-
veio à tona como autor do crime, o presidente da Coréia do
Sul, Roh Moo-hyun, declarou-se "sem palavras" para explicar
seu choque. A imprensa destacou declarações do governo no
sentido de preservar suas relações diplomáticas com os EUA,
de quem é um dos maiores parceiros na região, e a Chancelaria citou o caso como "incidente totalmente isolado".
Jornais e sites locais desvincularam Cho da comunidade,
descrevendo-o como um jovem
isolado e pouco ligado a suas
raízes, que nunca freqüentava
eventos e festas de sul-coreanos e que tinha poucos amigos.
Na maior parte dos textos, a
motivação atribuída ao crime
-ainda não confirmada pela
polícia- eram "problemas
amorosos" do estudante.
Prevenção
"Comunidades coreanas
atentas e preocupadas com ataques racistas e xenófobos contra coreanos", estampou o jornal "Joins", um dos principais
do país, em seu website. No texto, depoimentos de estudantes
do Virginia Tech que cogitavam
voltar à Coréia do Sul temendo
perseguição devido à sua nacionalidade. Relatos semelhantes
foram reproduzidos pelo
Daun.net, portal bastante popular no país.
A Chancelaria disse estar trabalhando com "missões diplomáticas e associações locais de
coreanos residentes [nos EUA]
para nos prevenirmos de eventuais desdobramentos".
Segundo dados de Seul, há
cerca de 2 milhões de sul-coreanos nos EUA -a maior comunidade fora do país hoje,
formada basicamente a partir
da Guerra da Coréia (1950-53).
Só de universitários são 93,7
mil, a maior comunidade estudantil estrangeira nos EUA.
A Associação dos Estudantes
Coreanos do Virginia Tech
convocou uma reunião de
emergência em que criou uma
força-tarefa para lidar com possíveis casos de racismo e retaliações após o episódio, informou o "Joins". Entre outras
coisas, planeja compilar queixas de violência e intimidação
para ações na Justiça.
O presidente da associação,
Seung Woon Li, 35, disse ao
Joins temer que o ocorrido
"mande por água a baixo" a boa
imagem dos sul-coreanos no
país e alertou para o risco de retaliação também contra estudantes chineses: "Para os americanos, chineses e coreanos
são muito parecidos".
O jornal lembra que o Virginia Tech tem uma comunidade
asiática numerosa -cerca de
1.600 alunos, ou pouco mais de
6% de seu corpo discente- por
conta de sua boa reputação em
cursos de ciências exatas, como
engenharia, e pela anualidade
considerada barata para os padrões americanos -US$ 19 mil
(cerca de R$ 39 mil).
Com agências internacionais
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