|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Convivência entre estudantes é pacífica, dizem brasileiros
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Alunos e pesquisadores brasileiros do Virginia Tech ouvidos pela Folha afirmam que a
convivência entre estudantes
de diferentes nacionalidades é
pacífica. A possibilidade de retaliação à comunidade sul-coreana (nacionalidade do autor
dos ataques, Cho Seung-hui) é
apontada por eles como improvável.
Para a pesquisadora do laboratório de bioquímica, Patrícia
dos Santos, 30, "o que aconteceu foi uma fatalidade". "As
pessoas ficaram comovidas,
mas estão dizendo que gostam
do lugar, que vestem a camiseta, que não vão embora", diz.
Radicada na Virgínia há seis
anos e meio, a porto-alegrense
afirma que o fato de o autor dos
ataques ser sul-coreano não
mudará as relações entre estrangeiros no campus. "A gente
anda bastante com brasileiro
porque tem mais afinidade.
Mas anda também com gente
de outras nacionalidades", diz.
Para o doutorando em engenharia elétrica Adriano Cardoso, 30, "o povo vai saber que foi
uma pessoa, não uma comunidade inteira [que cometeu os
ataques]".
Morando em Blacksburg há
seis meses, o estudante natural
de Ilha Solteira (658 km de São
Paulo) diz que sai com brasileiros freqüentemente.
"É mais fácil a gente trocar
idéia com brasileiro, assim como é normal ver coreano conversando com coreano. Mas
como os laboratórios abrigam
gente de todo o mundo, não
tem muita segregação não."
Mesmo que as afinidades
culturais falem mais alto,
Adriano diz que o fato de estarem em uma mesma universidade é o que une os estudantes.
"O pessoal, quando vem para
cá, geralmente adota o padrão
americano de se vestir, de comer. Não existe muita diferença entre brasileiros e coreanos,
por exemplo."
Francisco Müller, 27, doutorando em engenharia elétrica,
reforça a afirmação. "Não há
muita discriminação por aqui.
Vejo professores chineses com
sotaque horrível, mas eles ensinam aqui, um lugar difícil de
entrar. É mais uma questão de
mérito, não de nacionalidade."
(DANIELA ARRAIS)
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: No cinema, Moore e "Elefante" investigam chave de massacres Índice
|