São Paulo, quarta-feira, 18 de abril de 2007

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Cho comprou pistola por US$ 571

Sul-coreano tinha recibo de uma das armas, adquirida a 70 quilômetros do campus; transação foi legal

Caso traz de volta debate sobre permissividade da legislação americana quanto ao comércio e porte de armamentos no país

DA REDAÇÃO

Cho Seung Hui gastou US$ 571 para adquirir uma pistola Glock 19 e a munição apropriada numa loja de armas em Roanoke, a cerca de 70 quilômetros do campus do Virginia Tech. A pistola foi uma das duas armas que a polícia encontrou com Cho -a outra era uma pistola Walther .22. O recibo também estava com o estudante.
O dono da loja onde a mercadoria foi adquirida, John Markell, confirmou que a vendeu para Cho no mês passado. "Não sei nada sobre ele. Eu só vendi a arma", disse Markell, acrescentando que o estudante apresentou três tipos de identidade -a carteira de motorista, um talão de cheques e o Green Card-, passou por todas as checagens e levou a pistola em 20 minutos.
Apesar das diferenças nos Estados, a legislação federal dos EUA estabelece que uma pessoa de 21 anos ou mais pode comprar uma arma de um vendedor licenciado; não é preciso permissão. Para pessoas de 18 a 20 anos, há restrições quanto ao calibre e ao tipo das armas que podem ser adquiridas, mas fuzis e escopetas estão entre as liberadas. E, claro, há casos em que a compra de armas é vedada -por exemplo, a fugitivos da Justiça e imigrantes ilegais.
Como Cho, que era sul-coreano, era imigrante legal, ele tinha os mesmos direitos de porte de qualquer americano.

Segunda Emenda
Nas contendas políticas e jurídicas sobre as armas, os defensores da dita liberdade de possuir armamentos alegam que a Segunda Emenda à Constituição do país garante a todos os cidadãos americanos o direito de carregar armas. Criada em 1789, a emenda estabelece que "uma bem controlada milícia sendo necessária à segurança de um Estado livre, o direito do povo de ter e carregar armas não deve ser infringido".
À frente dos debates sobre o controle de armas nos EUA estão, de um lado, a NRA (Associação Nacional do Fuzil, da sigla em inglês), cujo lema é "As armas não matam, gente mata". Com cerca de 4 milhões de sócios e um orçamento de aproximadamente US$ 180 milhões anuais, a NRA faz um poderoso lobby no Congresso e defende a posse de armas com as mínimas restrições possíveis.
Em março deste ano, a Justiça derrubou uma proibição, vigente em Washington, de as pessoas manterem armas em casa. A decisão da Justiça foi a aceitação de uma apelação feita por John Ashcroft, primeiro secretário de Justiça do governo Bush, argumentando que a Segunda Emenda garante constitucionalmente o direito de posse de arma ao indivíduo.
Do outro lado estão ONGs como a Brady Campaign to Prevent Violence (Campanha Brady para a Prevenção da Violência), comandada por Jim Brady, ex-chefe de imprensa do governo Ronald Reagan. Brady está numa cadeira de rodas desde o atentado frustrado ao então presidente Reagan, em 1981. Segundo pesquisa Gallup feita no ano passado, 56% dos americanos são favoráveis a restringir o porte de armas.
No Estado da Virgínia é permitida a posse de armas sem licença. Uma licença chamada Concealed Handgun Permit é necessária caso a pessoa queira portar a arma escondida, ou, como definido legalmente, "em um local em que a arma esteja ao alcance da pessoa sem que seja necessário a ela fazer um movimento claro para pegá-la" -como sob o banco do carro.


Com agências internacionais


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