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ESTRANHOS NO PARAÍSO
Projeto impede que imigrantes com antecedentes criminais optem pela cidadania americana
Senado dos EUA aprova cerca com México
RAUL JUSTE LORES
DA REPORTAGEM LOCAL
O Senado americano aprovou
ontem a construção de uma cerca
de três camadas com 595 quilômetros de extensão na fronteira
com o México. É o equivalente a
um pouco mais que a distância
rodoviária entre São Paulo e Belo
Horizonte.
Também foi votada a criação de
barreiras para veículos espalhadas por 805 quilômetros de fronteira. Aprovada por 83 a 16 votos,
essa é a primeira grande vitória
dos conservadores em dois dias
de debates da reforma da lei de
imigração no Senado.
Por unanimidade, os senadores
também aprovaram que imigrantes ilegais com antecedentes criminais (um delito grave ou três
delitos menores) não terão possibilidade de solicitar a cidadania
americana.
Para conseguir o respaldo unânime, foram abertas algumas exceções. Imigrantes que tenham
como antecedente penal o fato de
ter ignorado uma ordem de deportação não entram nessa nova
norma. Eles podem permanecer
nos Estados Unidos se sua saída
do país provocar "dificuldades
extremas" a seus parentes que
continuem no país legalmente.
"Os conservadores não ficaram
tão convencidos com o discurso
do [presidente George W.] Bush
para criar um programa que conceda cidadania aos ilegais", diz o
analista político Michael Barone,
colunista da revista "U.S. News".
"A única coisa que é consenso entre senadores e deputados é a
construção da cerca".
Nos 3.200 quilômetros que separam os Estados Unidos do México já existe uma barreira com
112 quilômetros, concentrada na
Califórnia. A cerca tripla de 595
quilômetros votada ontem pelos
senadores é menor que a aprovada pelos deputados em dezembro, de 1.125 quilômetros. "Em
vários outros temas da imigração,
a posição dos deputados continua
bem menos flexível que a dos senadores", diz Barone.
O senador republicano Jeff Sessions disse à agência Associated
Press que a construção da barreira vai "dar um sinal de que os dias
da fronteira aberta estão acabados". "Boas cercas fazem bons vizinhos", declarou.
As emendas aprovadas pelos senadores serão debatidas na Câmara dos Representantes (deputados) na semana que vem. Depois, a lei será discutida em uma
comissão parlamentar composta
por membros das duas casas, o
Comitê de Conferência. O projeto
aprovado pelos deputados em dezembro não previa nenhum processo para a concessão de cidadania aos ilegais.
Cidadania
Hoje, o Senado deve discutir a
criação de um programa para trabalhadores temporários defendido por Bush, além de formas e
exigências para regularizar cerca
de 12 milhões de ilegais.
Bush fez um raro discurso televisionado na segunda-feira defendendo o projeto do Senado. O
assunto é extremamente sensível
em um ano de eleições legislativas. Mais de um milhão de imigrantes, em sua maioria latino-americanos, saíram às ruas em
março e em abril para exigir mudanças na lei.
Dentro da ofensiva do presidente para aprovar seu projeto, ele
enviou um de seus principais assessores, Karl Rove, para discutir
ontem o assunto com parlamentares republicanos.
Bush planeja viajar hoje ao Arizona para explicar as mudanças
propostas na lei. Alguns Estados
da fronteira são os maiores opositores a qualquer flexibilização na
política de imigração.
A polêmica da nova lei começou
em dezembro de 2005, quando os
deputados aprovaram um projeto
que transformava em criminoso o
imigrante ilegal e previa um programa de deportação em massa.
Também penalizava empresários
que ajudassem os ilegais.
Com agências internacionais
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