São Paulo, sexta-feira, 18 de maio de 2007

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Governo argentino é alvo de crise por propina

Escândalo em licitação de gasoduto derruba dois aliados de Julio De Vido, ministro mais forte de Kirchner

DA REDAÇÃO

O presidente da estatal de gás da Argentina e o diretor da área de empréstimos do Banco Nación foram demitidos ontem pelo presidente Néstor Kirchner por envolvimento no escândalo de superfaturamento e propinas durante a construção de um gasoduto.
O governo argentino "perdeu a virgindade" em matéria de corrupção, afirmou ontem o chefe de Gabinete da Presidência, Alberto Fernández.
A Justiça argentina investiga o pagamento de subornos pela empresa sueca Skanska durante licitação para ampliar o gasoduto. Os dois membros do governo investigados pela Justiça foram nomeados pelo superministro do Planejamento, Julio de Vido, braço-direito de Kirchner. Ele foi o responsável pelo concurso para ampliar o Gasoduto do Norte, na Província de Córdoba.
A cinco meses das eleições presidenciais, em que deve indicar sua mulher, Cristina, para concorrer à sucessão, Kirchner enfrenta crises simultâneas. Além da corrupção, ele sofre uma violenta greve de professores em seu feudo eleitoral, a Província de Santa Cruz, onde manifestantes atiraram ovos e farinha em sua irmã, a ministra de Desenvolvimento Social, Alicia Kirchner.
Ontem, uma greve-surpresa no metrô de Buenos Aires causou caos no trânsito portenho. O governo disse que era "capricho" e que a empresa Metrovías deveria sancionar os grevistas.

Mãos limpas
"Nós nunca nos envolvemos em nenhum caso de corrupção", disse o chefe-de-gabinete, Fernández, que ratificou que Kirchner "tem as mãos limpas" em entrevista a uma emissora de rádio local.
Fernández disse que qualquer membro do governo que seja envolvido na investigação das propinas será expulso do governo. "Seja quem for, terá que partir para que a Justiça investigue livremente."
Os primeiros membros do governo afastados por suspeitas de corrupção, desde a posse de Kirchner, em maio de 2003, são Fulvio Madaro, presidente da estatal Ente Regulador do Gás (Enargás), e Néstor Ulloa, gerente de empréstimos e hipotecas do Banco Nación.
Ulloa tinha responsabilidade no financiamento e Madaro no controle da concessão da obra, que ganhou em licitação privada a empresa sueca Skanska.
Kirchner disse no mês passado que o caso Skanska era "um fato de corrupção entre empresas privadas, com o qual o governo não tinha nada a ver".
A investigação judicial começou por suspeitas de fraude fiscal, graças ao uso de notas fiscais falsas emitidas por empresas fantasmas, com valor de 17 milhões de pesos (US$ 5,4 milhões). Ex-dirigentes da empresa sueca admitiram o pagamento de "comissões indevidas", o que provocou a abertura do processo.
Madaro e Ulloa foram citados pelo juiz após aparecer como supostos receptores de subornos em uma gravação que reproduz uma conversa entre um contador e um executivo da Skanska.


Com agências internacionais


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