|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Governo argentino é alvo de crise por propina
Escândalo em licitação de gasoduto derruba dois aliados de Julio De Vido, ministro mais forte de Kirchner
DA REDAÇÃO
O presidente da estatal de gás
da Argentina e o diretor da área
de empréstimos do Banco Nación foram demitidos ontem
pelo presidente Néstor Kirchner por envolvimento no escândalo de superfaturamento e
propinas durante a construção
de um gasoduto.
O governo argentino "perdeu
a virgindade" em matéria de
corrupção, afirmou ontem o
chefe de Gabinete da Presidência, Alberto Fernández.
A Justiça argentina investiga
o pagamento de subornos pela
empresa sueca Skanska durante licitação para ampliar o gasoduto. Os dois membros do governo investigados pela Justiça
foram nomeados pelo superministro do Planejamento, Julio
de Vido, braço-direito de
Kirchner. Ele foi o responsável
pelo concurso para ampliar o
Gasoduto do Norte, na Província de Córdoba.
A cinco meses das eleições
presidenciais, em que deve indicar sua mulher, Cristina, para
concorrer à sucessão, Kirchner
enfrenta crises simultâneas.
Além da corrupção, ele sofre
uma violenta greve de professores em seu feudo eleitoral, a
Província de Santa Cruz, onde
manifestantes atiraram ovos e
farinha em sua irmã, a ministra
de Desenvolvimento Social,
Alicia Kirchner.
Ontem, uma greve-surpresa
no metrô de Buenos Aires causou caos no trânsito portenho.
O governo disse que era "capricho" e que a empresa Metrovías deveria sancionar os grevistas.
Mãos limpas
"Nós nunca nos envolvemos
em nenhum caso de corrupção", disse o chefe-de-gabinete,
Fernández, que ratificou que
Kirchner "tem as mãos limpas"
em entrevista a uma emissora
de rádio local.
Fernández disse que qualquer membro do governo que
seja envolvido na investigação
das propinas será expulso do
governo. "Seja quem for, terá
que partir para que a Justiça investigue livremente."
Os primeiros membros do
governo afastados por suspeitas de corrupção, desde a posse
de Kirchner, em maio de 2003,
são Fulvio Madaro, presidente
da estatal Ente Regulador do
Gás (Enargás), e Néstor Ulloa,
gerente de empréstimos e hipotecas do Banco Nación.
Ulloa tinha responsabilidade
no financiamento e Madaro no
controle da concessão da obra,
que ganhou em licitação privada a empresa sueca Skanska.
Kirchner disse no mês passado que o caso Skanska era "um
fato de corrupção entre empresas privadas, com o qual o governo não tinha nada a ver".
A investigação judicial começou por suspeitas de fraude fiscal, graças ao uso de notas fiscais falsas emitidas por empresas fantasmas, com valor de 17
milhões de pesos (US$ 5,4 milhões). Ex-dirigentes da empresa sueca admitiram o pagamento de "comissões indevidas", o que provocou a abertura
do processo.
Madaro e Ulloa foram citados pelo juiz após aparecer como supostos receptores de subornos em uma gravação que
reproduz uma conversa entre
um contador e um executivo da
Skanska.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Cidades tentam endurecer a legislação Próximo Texto: Bolívia: Juízes acusam Morales de tentativa de intimidação Índice
|