São Paulo, sexta-feira, 18 de maio de 2007

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Fillon assume como premiê francês

Gabinete deve ser anunciado hoje, com 15 ministros e mulheres nas pastas do Interior e da Justiça

Estilo centralizador do novo presidente pode reduzir o poder do primeiro-ministro; Sarkozy e Fillon se exibem à mídia em sessão de cooper

France Presse
Sarkozy (à esq.) e Fillon correm no bosque de Boulogne, Paris; para analistas, eles se completam


DA REDAÇÃO

Conforme amplamente esperado, o presidente Nicolas Sarkozy nomeou ontem como primeiro-ministro da França o senador François Fillon, 53, chefe de sua campanha eleitoral, ministro quatro vezes entre 1993 e 2005 e autor de uma reforma da Lei de Aposentadoria.
O novo premiê deverá anunciar hoje a composição de seu gabinete, com 15 ministérios. Uma lista de prováveis titulares, publicada ontem pelo "Le Monde", indica a presença de seis mulheres.
Entre elas, em postos-chaves, Michèle Alliot-Marie, no Ministério do Interior (ela foi até a semana passada ministra da Defesa), e Rachida Dati, como ministra da Justiça. É filha de argelinos e foi a porta-voz na campanha do presidente.
Seriam também mulheres as titulares do Ensino Superior e Pesquisa, Saúde e Esporte, fundidos num só ministério, Agricultura e Cultura.
Dois ministérios importantes foram reservados a políticos que não têm como origem a base de sustentação política do presidente empossado anteontem. São eles o socialista Bernard Kouchner, que irá para as Relações Exteriores, e o centrista Hervé Morin, na Defesa. Ele foi um dos chefes da campanha presidencial do candidato centrista François Bayrou.
As pastas dos Transportes, Energia e Meio Ambiente seriam fundidas e entregues ao ex-primeiro-ministro Alain Juppé. Imigração e Identidade Nacional, um novo ministério, iria para Brice Hortefeux, homem de confiança e assessor de Sarkozy. Estratégia Econômica e Emprego ficaria com Jean-Louis Borloo, ministro do Trabalho no gabinete anterior.
A lista dos vice-ministros, chamados na França de secretários de Estado, seria fechada apenas ontem à noite, em reunião de Sarkozy com Fillon.
Ao assumir a chefia do governo no Palácio Matignon, residência oficial do detentor do cargo, Fillon afirmou que colocará em execução "todas as promessas de campanha" do presidente.

Estilos complementares
Analistas acreditam que o novo primeiro-ministro será uma espécie de chefe-de-gabinete de luxo, a serviço de um presidente excessivamente centralizador e desacostumado a delegar poderes.
Desde a Constituição da Quinta República (1958), o chefe de governo funciona como um pára-raios do chefe de Estado. Em caso de crise, o primeiro-ministro é substituído, e a autoridade do presidente sai bem menos desgastada.
A mídia citou ontem também o contraste entre Fillon, um homem calmo e paciente, e o próprio Sarkozy, que funciona "com alta octanagem", segundo a agência Reuters.

Cooper no bosque
Duas horas depois de nomeado, Fillon acompanhou Sarkozy ao bosque de Boulogne, nos limites de Paris, para uma corrida de 40 minutos. Repórteres e fotógrafos foram previamente informados, o que gerou reportagens em que ambos transmitiram a imagem de pessoas bem-dispostas.
Se fosse para correr, eles poderiam ter escolhido os jardins do palácio presidencial. Mas a idéia era a de, aparentemente, ter a mídia presente, mais ou menos como acontecia em Brasília, no cooper nas manhãs de domingo, durante o mandato do presidente Fernando Collor.
Em 1974 a França elegeu um presidente mais jovem que Sarkozy. Mas Valéry Giscard d"Estaing era um aristocrata que mantinha seus exercícios como agenda privada.


Com agências internacionais


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