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Governo na Estônia é alvo de hackers
Sites oficiais e da mídia são invadidos e adulterados após realocação de monumento soviético, que desatou disputa com Rússia
País báltico diz que chance de participação do governo russo na ação "não pode ser descartada"; cúpula entre Rússia e UE debate questão
DA REDAÇÃO
A Estônia, país pioneiro na
utilização da internet como
plataforma de trabalho pelo governo, tem sido alvo de ataques
praticados por hackers desde
que se envolveu numa disputa
com a Rússia causada pela realocação de um monumento em
homenagem aos soldados soviéticos mortos na Segunda
Guerra, há três semanas.
Sites do governo, de partidos
e da mídia da república báltica
ficaram temporariamente fora
do ar, em uma nação altamente
dependente da internet. A Estônia foi o primeiro país do
mundo a promover suas eleições online. O sistema bancário
estoniano tem base na rede.
Em um ataque a um site do
Partido da Reforma, atualmente no poder, os hackers simularam um pedido de desculpas do
primeiro-ministro aos russos
pela realocação do monumento
de uma praça central da capital
do país para um cemitério afastado -ato que enfureceu a minoria russa na Estônia e a própria Rússia.
A Otan (aliança militar ocidental), à qual a Estônia pertence desde 2004, enviou especialistas em ciberterrorismo a
Tallinn para investigar e ajudar
o país a recompor suas defesas
eletrônicas. "Isso é uma operação de segurança, algo que estamos levando muito a sério",
afirmou uma autoridade da
Otan ao jornal britânico "The
Guardian". "Não quero acusar
ninguém, mas isso não é algo
feito por poucos indivíduos."
Apesar de não ter acusado a
Rússia diretamente, a Chancelaria da Estônia publicou uma
lista de endereços de IP de onde partiram as ações dos hackers, incluindo IPs pertencentes ao governo russo, e não descartou o envolvimento da Rússia. Além de endereços russos,
o país registrou IPs do Brasil,
Canadá, Vietnã e outros.
"Os ciberataques vêm da
Rússia. Não resta dúvida. É político", afirmou ao "Guardian"
Merit Kopli, editor do jornal
estoniano "Postimees".
"Se você está insinuando que
os ataques vieram da Rússia ou
do governo russo, é uma acusação séria e precisa ser sustentada por provas", disse o embaixador russo em Bruxelas, Vladimir Chizhov, em resposta a
uma pergunta do "Guardian".
Os ataques de escala sem precedentes aos sites estonianos
devem ser debatidos numa cúpula entre a Rússia e a União
Européia, que começou ontem
à noite em Samara.
Cúpula
Além das tensões entre Estônia e Rússia, a cúpula deve tratar de assuntos que ultimamente têm causado atritos entre a UE e Moscou, como questões relacionadas a energia e
segurança e a decisão russa de
proibir a importação de carne e
outros produtos da Polônia.
O encontro entre os líderes,
porém, corre o risco de apenas
aprofundar as diferenças entre
o bloco e a Rússia. O presidente
da Comissão Européia, José
Manuel Durão Barroso, e a
chanceler alemã, Angela Merkel, na presidência rotativa do
bloco, já disseram não esperar
nenhum resultado concreto.
Agravando as tensões entre a
Rússia e países ocidentais, o
serviço de alfândega russo reivindicou US$ 22,5 bilhões do
Banco de Nova York alegando
colaboração da instituição em
um esquema de lavagem de dinheiro dez anos atrás.
Também ontem, a Igreja Ortodoxa Russa reunificou-se
com um setor dissidente, depois de 80 anos da ruptura.
Com agências internacionais
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