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Medvedev diz a Lula que se abriu novo caminho
CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A MADRI
O presidente russo, Dmitri
Medvedev, disse ontem por telefone a seu colega brasileiro,
Luiz Inácio Lula da Silva, que o
pacote de sanções ao Irã, por
causa de seu programa nuclear,
já estava praticamente pronto,
mas que o acordo alcançado em
Teerã "abre a possibilidade de
outro caminho".
Medvedev não deixou, no entanto, de expressar uma ponta
de ceticismo, ao dizer que o Irã
precisa ainda enviar "uma
mensagem forte" ao mundo a
respeito de suas intenções na
área nuclear.
O relato da conversa telefônica combina com as declarações
que o russo fez na Ucrânia: sem
tal mensagem, disse, "as inquietações da comunidade internacional continuarão".
Por isso mesmo, Medvedev
informou a Lula que ligaria para o presidente Barack Obama
para sugerir um tempo para
analisar melhor o acordo.
A posição de Medvedev é
particularmente importante
porque a Rússia, que tem direito a veto no Conselho de Segurança da ONU, já havia sido
convencida a dar seu apoio às
sanções, desde que não fossem
rígidas demais.
Se a Rússia recua ou pede
tempo, reduz-se o espaço para
que as sanções sejam aprovadas nas próximas semanas, como pretendem os EUA.
Medvedev sugeriu que também Lula ligasse para Obama.
Hillary
O diálogo dificilmente será
diferente do que o seu chanceler Celso Amorim manteve ontem com Hillary Clinton, a secretária de Estado americana.
Amorim limitou-se a dizer
que sua colega americana manifestara dúvidas a respeito do
acordo. O chanceler explicou a
Hillary que o acordo de Teerã
era um fato novo, na medida
em que o Irã "pôs no papel coisas que não tinha posto antes".
Aos jornalistas Amorim explicitou as novidades: pela primeira vez, por escrito, o Irã define uma quantidade de urânio
a enviar a um outro país. Além
disso, não estabeleceu condição prévia para fazê-lo (antes,
pretendia receber urânio enriquecido antes ou ao mesmo
tempo em que enviava seu urânio pobremente enriquecido).
Amorim não ficou em Madri,
para a cúpula União Europeia-América Latina/Caribe. Só fez
uma escala técnica.
Na volta a Brasília, vai "dar
muitos telefonemas, para exercitar a transparência na negociação". E não descarta uma
nova viagem, para dar prosseguimento às negociações.
Lula também está dando telefonemas: ontem falou, além
de Medvedev, com o presidente
francês, Nicolas Sarkozy, com o
qual conversará hoje ao vivo.
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