São Paulo, terça-feira, 18 de maio de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Medvedev diz a Lula que se abriu novo caminho

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A MADRI

O presidente russo, Dmitri Medvedev, disse ontem por telefone a seu colega brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, que o pacote de sanções ao Irã, por causa de seu programa nuclear, já estava praticamente pronto, mas que o acordo alcançado em Teerã "abre a possibilidade de outro caminho".
Medvedev não deixou, no entanto, de expressar uma ponta de ceticismo, ao dizer que o Irã precisa ainda enviar "uma mensagem forte" ao mundo a respeito de suas intenções na área nuclear.
O relato da conversa telefônica combina com as declarações que o russo fez na Ucrânia: sem tal mensagem, disse, "as inquietações da comunidade internacional continuarão".
Por isso mesmo, Medvedev informou a Lula que ligaria para o presidente Barack Obama para sugerir um tempo para analisar melhor o acordo.
A posição de Medvedev é particularmente importante porque a Rússia, que tem direito a veto no Conselho de Segurança da ONU, já havia sido convencida a dar seu apoio às sanções, desde que não fossem rígidas demais.
Se a Rússia recua ou pede tempo, reduz-se o espaço para que as sanções sejam aprovadas nas próximas semanas, como pretendem os EUA.
Medvedev sugeriu que também Lula ligasse para Obama.

Hillary
O diálogo dificilmente será diferente do que o seu chanceler Celso Amorim manteve ontem com Hillary Clinton, a secretária de Estado americana.
Amorim limitou-se a dizer que sua colega americana manifestara dúvidas a respeito do acordo. O chanceler explicou a Hillary que o acordo de Teerã era um fato novo, na medida em que o Irã "pôs no papel coisas que não tinha posto antes".
Aos jornalistas Amorim explicitou as novidades: pela primeira vez, por escrito, o Irã define uma quantidade de urânio a enviar a um outro país. Além disso, não estabeleceu condição prévia para fazê-lo (antes, pretendia receber urânio enriquecido antes ou ao mesmo tempo em que enviava seu urânio pobremente enriquecido).
Amorim não ficou em Madri, para a cúpula União Europeia-América Latina/Caribe. Só fez uma escala técnica.
Na volta a Brasília, vai "dar muitos telefonemas, para exercitar a transparência na negociação". E não descarta uma nova viagem, para dar prosseguimento às negociações.
Lula também está dando telefonemas: ontem falou, além de Medvedev, com o presidente francês, Nicolas Sarkozy, com o qual conversará hoje ao vivo.


Texto Anterior: Café celebra "nova ordem mundial"
Próximo Texto: Europa expressa ceticismo; Brasil pede voto de confiança
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.