São Paulo, Terça-feira, 18 de Maio de 1999 |
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ISRAEL Oposicionista bate o premiê Netanyahu, que anuncia "pausa política'; resultado deve ajudar processo de paz Barak vence eleição; "Bibi" sai de "férias"
das agências internacionais O trabalhista Ehud Barak, 57, foi eleito ontem o novo primeiro-ministro de Israel, segundo pesquisas de boca-de-urna. Ele derrotou Binyamin "Bibi" Netanyahu, 49, que buscava a reeleição. A vitória é vista como um avanço para o processo de paz no Oriente Médio, pois Barak pertence a um partido mais flexível nas negociações com os palestinos. ""Bibi", eleito premiê em 96, diz priorizar a segurança de Israel, em detrimento das negociações. Barak (centro-esquerda) deve receber 58,5% dos votos, contra 41,5% de Netanyahu (direita), segundo pesquisa de boca-de-urna do canal 1 da TV israelense. Não haverá segundo turno. "De agora em diante, estamos todos juntos, somos uma nação", afirmou Barak. Netanyahu admitiu a derrota 30 minutos após o anúncio das pesquisas e renunciou à liderança do partido Likud. "Acho que chegou a hora de fazer uma pausa para ficar com minha família, com minha mulher, com as crianças e decidir meu futuro", disse. Com 15% dos votos apurados, Barak liderava com apoio de 60%, contra 40% de Netanyahu. O segundo a ser eleito em votação direta para premiê, Ehud Barak (pronuncia-se errúd barák) deve ser beneficiado ainda com o resultado das eleições para o Parlamento, também realizadas ontem. As projeções de boca-de-urna mostravam ampla vitória dos partidos da esquerda e do centro. O resultado deve permitir a formação de um governo sem a presença de partidos religiosos, que foram o fiel da balança nos últimos anos. Barak buscou se apresentar como sucessor de Yitzhak Rabin, o premiê assassinado em 95 por um extremista judeu contrário ao processo de paz. O Likud, fragmentado pelas disputas internas e pela saída de diversas lideranças, foi o grande derrotado nas urnas. Deve cair de 32 para 18 cadeiras no Parlamento. O resultado foi comemorado na noite de ontem em Tel Aviv, forte reduto do Partido Trabalhista (centro-esquerda). Milhares de pessoas se reuniram para escutar o discurso de Barak na praça Yitzhak Rabin, local onde o premiê trabalhista foi assassinado, em 95. Sua vitória também foi celebrada, de forma mais comedida, nos territórios palestinos, onde Barak era visto como a opção mais favorável ao processo de paz. Em Gaza, assessores de Iasser Arafat, presidente da Autoridade Nacional Palestina, gritaram e se abraçaram ao saber das primeiras projeções de boca-de-urna. Arafat, em Gaza, felicitou Barak. Com um sorriso, negou-se a responder se estava contente com a vitória trabalhista. "Espero que ele (Barak) traga de volta o processo de paz a seu curso", disse. Os palestinos adiaram a declaração de seu Estado, prevista para 4 de maio, para depois das eleições. Durante a campanha, Barak prometeu retomar as negociações com os palestinos e cumprir os acordos firmados por Netanyahu em Wye Plantation (EUA), que prevêem novas retiradas de tropas israelenses da Cisjordânia. Gaza e Cisjordânia foram ocupados por Israel em 1967. O presidente dos EUA, Bill Clinton, disse ontem que pretende enviar a Israel o negociador norte-americano para o Oriente Médio, Dennis Ross, assim que Barak tenha consolidado seu governo. O processo de paz, porém, não foi a questão principal na campanha, dominada por ataques pessoais de lado a lado. O voto de ontem era guiado principalmente por uma questão: Netanyahu continuar ou não no poder. Barak conseguiu roubar de Netanyahu grande parte dos votos dos imigrantes da ex-URSS (15% do eleitorado), o que lhe ajudou a assegurar a vantagem nas urnas. Próximo Texto: Saiba quem é o general Barak Índice |
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