São Paulo, Terça-feira, 18 de Maio de 1999
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O "MODERADO LINHA-DURA"
Saiba quem é o general Barak do "Le Monde"

Como ex-chefe do Estado-Maior israelense, Ehud Barak, 57, que ingressou no Exército aos 17 anos, é visto pelos eleitores como alguém que lhes transmite segurança.
Entre as personalidades históricas do Partido Trabalhista, estaria mais próximo de Yitzhak Rabin (premiê que foi assassinado em novembro de 1995 pelo extremista judeu Yigal Amir), de quem é visto como filho espiritual, do que de Shimon Peres (candidato a premiê derrotado por Binyamin Netanyahu em 1996).
Ele seria um "moderado de linha dura". É visto como um político que não cede em questões relativas à segurança israelense, mas que se dispõe a negociar a paz com os palestinos em troca de terra.
É em parte por isso que Barak, que em junho de 1997 foi eleito líder do Partido Trabalhista, é visto como alternativa relativamente tranquilizadora para os israelenses que, apesar de insatisfeitos com a política do premiê Binyamin Netanyahu, querem ter a certeza de que a paz com os palestinos não será obtida à custa da segurança de Israel.
Em setembro de 1995, Barak foi um dos poucos integrantes do governo Rabin a se abster em relação ao chamado acordo de "Oslo 2" ou "de Taba", concluído com a OLP (Organização para Libertação da Palestina) para ampliar a autonomia palestina na Cisjordânia.
Isso se deu exatamente porque, em sua opinião, o acordo não dava garantias suficientes para a segurança de Israel.
Apesar disso, em março de 1998 Barak declarou que, se tivesse nascido palestino, provavelmente "teria ingressado numa organização terrorista" para defender sua causa.
Nascido Ehud Brog, em 1942, na então Palestina, assumiu o sobrenome Barak (raio) quando ingressou no Exército, aos 17 anos de idade. Em sua campanha eleitoral na televisão, apresentou-se como "o militar número 1, o mais condecorado da história de Israel".
Seus feitos armados eram lembrados com orgulho, especialmente a tomada, quando era coronel ainda jovem, de um avião da companhia aérea belga Sabena, sequestrado por um comando palestino e desviado para Tel Aviv, em 1972.
Por um acaso da história, um de seus subordinados nesse incidente foi justamente Binyamin Netanyahu.
Em 10 de abril de 1973, disfarçado de mulher, Ehud Barak liderou o comando israelense que assassinou três dirigentes da OLP responsabilizados pelo atentado, realizado um ano antes, no qual 11 atletas israelenses foram feitos reféns e assassinados durante os Jogos Olímpicos de Munique (Alemanha).
Há pouco tempo, Barak conseguiu finalmente livrar-se da única mancha inquietante em sua carreira: um juiz o absolveu da acusação, feita então pela direita, de que, na época em que era chefe do Estado-maior, ele teria abandonado soldados mortos e feridos num acidente acontecido durante um treinamento militar.
Formado em física, Ehud Barak sempre se orgulhou de ser um matemático brilhante (fez mestrado em Stanford, nos EUA). Ele gosta de falar sobre literatura e demonstrar sua habilidade como pianista.


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