São Paulo, Terça-feira, 18 de Maio de 1999
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AÇÃO TERRESTRE
Para Blair, Otan tem de usar todos os meios, mas EUA e outros países da aliança se opõem à invasão da Iugoslávia
Londres pressiona por envio de tropas

das agências internacionais


O Reino Unido aumentou ontem a pressão para que os outros países da Otan, aliança militar ocidental, aceitem o envio de tropas terrestres para combater na Iugoslávia.
O premiê britânico, Tony Blair, disse que a Otan tem de usar todos os meios à disposição para conseguir a vitória contra o ditador iugoslavo, Slobodan Milosevic.
"Não importa o que seja preciso fazer, temos de vencer, e a política de selvageria brutal que é a "limpeza étnica" deve fracassar", disse Blair em visita a Sofia, na Bulgária.
Em uma mensagem claramente direcionada ao público norte-americano, o premiê afirmou que a "América mais uma vez tem mostrado que tem a visão de que a instabilidade, o caos e o genocídio no coração da Europa nunca vão afetar apenas a Europa".
Pesquisa divulgada ontem pela rede de TV BBC afirma que 52% dos britânicos apóiam o envio de tropas à Iugoslávia.
Blair negou que a Otan esteja dividida em relação ao futuro da ofensiva. Diplomatas franceses, porém, consideraram a retórica britânica "perigosa". Os outros países da Otan também são contra a invasão. Um dirigente da aliança, falando em nome dos 19 membros, disse que soldados só serão enviados quando as tropas iugoslavas estiverem em retirada.
O chanceler britânico, Robin Cook, disse em Bruxelas que o envio para Kosovo de tropas, que garantiriam a volta de refugiados, não precisa de aprovação prévia de Milosevic. Ou seja, as tropas poderiam ser enviadas antes de um acordo de paz.
A posição britânica difere da dos EUA, que por enquanto descartam a intervenção terrestre.
Segundo a revista "Newsweek", membros do comando militar dos EUA enviaram carta ao secretário de Defesa, William Cohen, afirmando que só o envio de tropas terrestres pode garantir a vitória. Cohen negou ter recebido a carta.
O chanceler (premiê) alemão, Gerhard Schroeder, esteve ontem em Bari, na Itália, para discutir um plano de paz elaborado pelo governo do premiê Massimo D'Alema. Os dois líderes enfrentam pressão em seus governos para que o ataque à Iugoslávia seja suspenso.
O comandante das tropas iugoslavas responsáveis por Kosovo, general Nebojsa Pavkovic, disse que as fronteiras do país estão seguras e que, se a Otan decidir invadir o país, seus soldados enfrentarão "um inferno na Terra".
O governo de Montenegro, uma das Repúblicas que compõem a Iugoslávia, junto com a Sérvia, denunciou ontem a entrada de tropas do Exército em Cetinje. O governo da República é pró-Ocidente.


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