|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
AMÉRICA LATINA
Governo anuncia vitória no referendo sobre o regime; para dissidentes, intenção é responder a pressões por reformas
Cubanos aprovam socialismo "intocável", diz Havana
DA REDAÇÃO
Autoridades cubanas reagiram a uma campanha pró-reformas anunciando os resultados de seu próprio referendo, que mostraria que a população quer fazer do socialismo um sistema "intocável" no país.
Líderes dissidentes que coletaram assinaturas para a realização
de um referendo para decidir sobre as liberdades civis, como direito de expressão, direito de ter
negócios particulares, anistia para
prisioneiros políticos e reforma
eleitoral, disseram que a intenção
do ditador Fidel Castro era manter o sistema de partido único no
país e evitar debates sobre reformas.
O jornal "Granma" (oficial) disse que 7,4 milhões de cubanos
(cerca de 67% da população total,
de 11 milhões de pessoas, e mais
de 90% dos eleitores, segundo um
representante do governo) assinaram o referendo que deixaria o
sistema cubano "intocável", tornando-o imune a reformas.
A proposta também diz que "as
relações econômicas, diplomáticas e políticas com qualquer outro
Estado não poderão jamais ser
negociadas sob agressão, ameaça
ou pressão de uma potência estrangeira".
Segundo a agência Reuters,
muitos cubanos disseram não ter
outra opção a não ser firmar a
proposta para evitar que o governo os considerasse oposicionistas.
Os críticos afirmam que Fidel
quer esvaziar o Projeto Varela,
proposta de referendo, feita por
opositores, para acabar com o regime de partido único.
Poucos cubanos tiveram conhecimento do Projeto Varela até o
ex-presidente dos EUA Jimmy
Carter (1977-81) divulgá-la em
discurso na TV durante a sua histórica visita no mês passado.
O governo cubano afirma que o
Projeto Varela é financiado pelos
EUA "com o intuito de destruir a
sociedade igualitária" de Cuba.
Os EUA apoiaram a campanha
dos poucos e fragmentados dissidentes cubanos que vivem na ilha.
Eles conseguiram 11 mil assinaturas, mais do que o exigido pela
Constituição, por um referendo.
Fidel, 75, disse que os cubanos
deram a resposta ao presidente
George W. Bush, que defendeu
eleições livres e economia de mercado para Cuba no mês passado.
Já Bush disse que não apoiaria a
"tirania" e bloqueou articulações
nos EUA para relaxar o embargo
contra Cuba. Bush se ofereceu para reduzir as sanções se Cuba promovesse reformas democráticas.
"110% de aprovação"
Os cubanos que se opõem a Fidel nos EUA responderam com
ironia ao referendo pró-socialismo. "Fidel é capaz de obter o
apoio a seu regime de 110% dos
cubanos", afirmou, em Miami,
Mariella Ferretti, porta-voz da
Fundação Nacional Cubano-Americana.
"Advertimos os cubanos das
graves consequências de manter
esse regime político em vez de
exercer o direito soberano de mudar e escolher seu sistema político
e econômico", disse um comunicado do grupo dissidente Todos
Unidos pela Liberdade.
Oswaldo Paya, defensor do Projeto Varela, disse que o governo
não queria publicar as reivindicações porque os cubanos estavam
cada vez mais interessados. "Eles
têm medo de promover um referendo porque, se houver um voto
sobre o Projeto Varela, as pessoas
vão votar a favor dele."
Com agências internacionais
Texto Anterior: Impopular, Toledo vive sua maior crise Próximo Texto: História: Ex-advogado reaviva mistério de Watergate Índice
|