|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
EUROPA
Encontro esbarrou nas divergências entre a França e o Reino Unido sobre o orçamento para o período de 2007 a 2013
Termina em fracasso a cúpula européia
DA REDAÇÃO
Terminou ontem em fracasso a
reunião dos presidentes e premiês
dos 25 países-membros da União
Européia, pois eles não conseguiram definir critérios para o orçamento plurianual que o bloco
aplicaria entre 2007 e 2013.
O presidente em exercício da
UE, Jean-Claude Juncker, primeiro-ministro de Luxemburgo,
constatou o impasse e a impossibilidade de um acordo por volta
das 23h, hora de Bruxelas.
A delegação britânica, chefiada
pelo primeiro-ministro Tony
Blair, rejeitou uma proposta francesa de última hora, pela qual
Londres apenas congelaria nos
próximos oito anos o valor do
desconto que recebe em suas contribuições ao orçamento.
Esse desconto, que a França desejava de início ver reduzido, tende a aumentar em razão do crescimento do PIB europeu.
Blair e seus adjuntos argumentaram que não poderiam dar mais
dinheiro à UE, porque, na prática,
estariam financiando o sistema de
subsídios agrícolas, do qual a
França é a grande beneficiada. No
Reino Unido, os subsídios à agricultura são quase inexistentes.
A União Européia tem neste
ano um orçamento de 106 bilhões. Um euro valia ontem R$
2,92. Os subsídios agrícolas encabeçam as despesas, com 42%.
Os britânicos estão contribuindo com 15 bilhões para o bolo
orçamentário. Mas um terço dessa quantia volta sob a forma de
desconto em sua contribuição.
Por meio de seu porta-voz, Blair
disse, por volta das 22h de ontem,
hora local, que não faria concessões, a não ser em troca de "sólidas promessas" de reforma na
atual estrutura de gastos com a
agricultura dentro do bloco.
A mediação até a última hora foi
feita por pequeno Grão-Ducado
de Luxemburgo, atual presidente
rotativo da UE. O premiê Jean-Claude Juncker movimentou-se
para salvar um Conselho Europeu
-nome da reunião de governantes- aberto na véspera sob o
mau augúrio da derrota do projeto de Constituição européia nos
plebiscitos francês e holandês.
A polarização entre Blair e o
presidente francês, Jacques Chirac, traz dos dois lados argumentos convincentes. A França argumenta que ela e a Itália "pagam"
por mais da metade do desconto
que o Reino Unido recebe.
Mas Londres responde que o
desconto representa só a metade
dos 10,5 bilhões que os franceses
retiram da União Européia para
subsidiar sua agricultura.
É provável que, a portas fechadas, os participantes não tenham
discutido apenas números. O fato
é que, por trás da discussão, existiam duas concepções de Europa.
Os britânicos falam em competitividade do bloco no mundo globalizado, e os franceses em solidariedade interna e manutenção de
alimentos baratos.
De simbólico, por volta da
meia-noite, havia a declaração
conjunta dos dez países no ano
passado incorporados à UE (como Polônia, Chipre ou Letônia).
Eles disseram não aceitar o malogro e pediram "novos esforços"
para que se chegue a um acordo.
O Conselho Europeu já havia
decidido, anteontem, ampliar até
meados de 2007 o prazo de ratificação do projeto de Constituição.
A questão fortalecia a sensação
de crise, antes mesmo que os governantes chegassem para o encontro de Bruxelas. Com a decisão de ampliar o prazo, a Dinamarca, Portugal e a Irlanda decidiram suspender seus plebiscitos,
enquanto o Parlamento de Luxemburgo decide na próxima terça se manterá sua própria consulta, marcada para 10 de julho.
Com agências internacionais
Texto Anterior: EUA: Aprovação de Bush tem nova queda Próximo Texto: Artigo: Lições da crise na UE Índice
|