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EUA
Remédio que trata insuficiência cardíaca mostrou melhores resultados em afro-americanos; analistas temem racismo
Grupo da FDA avaliza droga "para negros"
DA REDAÇÃO
Um painel consultivo da FDA, a
agência de fármacos e alimentos
dos EUA, recomendou ontem a
aprovação de um medicamento
para doenças cardíacas direcionado especificamente para pacientes negros, o primeiro do gênero a
chegar perto do mercado. A FDA
pode contestar a recomendação,
mas não deve fazê-lo.
Segundo o jornal "The Washington Post", o remédio, cujo
nome comercial é BiDil, provocou reações contraditórias entre
cientistas e grupos de defesa de
minorias nos EUA. Enquanto alguns saudaram a chegada de uma
arma específica contra a insuficiência cardíaca entre pessoas de
ascendência africana (que sofrem
mais com o problema do que os
brancos no país), outros disseram
temer que o BiDil possa reforçar a
idéia de que as raças humanas são
biologicamente distintas -e,
portanto, a discriminação racial.
Dados da NitroMed, empresa
que pretende comercializar a droga, mostram que ela reduz a mortalidade por insuficiência cardíaca em 43% entre pacientes negros,
além de diminuir a chance de ser
hospitalizado em 39%. Os resultados em brancos foram muito menos animadores, o que levou a
empresa a decidir "segmentar" os
consumidores do remédio.
"Basicamente, nós só seguimos
os dados", disse Michael Loberg,
presidente da NitroMed. "Acho
que este é um grande dia, mas de
maneira nenhuma queremos sugerir que ela funciona em todos os
afro-americanos." A crítica de alguns cientistas se refere justamente a esse fato: para eles, o remédio também poderia ser útil
para outros grupos.
Mais de 700 mil negros americanos sofrem de insuficiência cardíaca, causada principalmente
por ataques do coração, diabetes e
pressão alta. A etnia tende a ser
diagnosticada com a doença mais
cedo e morre mais dela que a média da população. No entanto
Troy Duster, sociólogo da Universidade de Nova York, criticou o
direcionamento do produto: "Esse é o primeiro passo do que poderíamos chamar de medicina racializada. Devíamos olhar para as
características bioquímicas de cada indivíduo, e não para o fato de
que ele é branco ou negro".
Estudos genéticos sugerem que,
quanto à susceptibilidade a doenças, existem diferenças sutis, mas
importantes, entre os vários povos do planeta. Sabe-se, por
exemplo, que os africanos são
mais resistentes à malária, mas
têm maior tendência a sofrer de
um tipo de anemia.
Com "The Independent"
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