São Paulo, terça-feira, 18 de julho de 2000


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"INIMIGO" COMUM
Putin chega à China para pressionar EUA

JAIME SPITZCOVSKY
ESPECIAL PARA A FOLHA


O presidente russo, Vladimir Putin, chegou ontem a Pequim, na sua primeira visita à China desde que foi eleito, em março, e com um claro objetivo: fortalecer a "parceria estratégica" arquitetada para enfrentar a hegemonia norte-americana.
A ofensiva sino-russa busca agora protestar contra os planos dos EUA de instalar novos sistemas de defesa antimísseis.
Mas a reaproximação Moscou-Pequim, em curso desde o final da Guerra Fria, esbarra nos modelos econômicos adotados pelos dois países. Eles dependem de capital estrangeiro para oxigenar suas economias, e uma confrontação mais acirrada com os EUA significaria estrangular o vital fluxo de investimentos.
Os dois gigantes nucleares (a Rússia é o maior país do mundo em território, enquanto a China é o mais populoso do planeta) querem, apesar de suas limitações econômicas, manter- e se possível, aumentar- sua influência no campo da segurança internacional.
Putin e o presidente chinês, Jiang Zemin, devem divulgar um documento criticando as recentes iniciativas dos EUA no campo de defesa antimísseis.
Washington estuda a implantação de um novo sistema chamado Defesa Nacional de Mísseis, para proteger o país de ataques terroristas ou de "Estados párias", como Coréia do Norte e Iraque. O Pentágono também quer instalar um mecanismo antimísseis para proteger suas tropas e seus aliados na Ásia. As iniciativas norte-americanas quebram o atual equilíbrio estratégico e vão iniciar uma nova corrida armamentista, argumentam Putin e Jiang.
Os presidentes, em seu encontro de dois dias, vão também criticar o "mundo unipolar", referência à hegemonia dos EUA.
O segundo ponto da agenda trata de economia. China e Rússia querem estimular o comércio bilateral, que somou US$ 5,7 bilhões em 1999, longe da meta de US$ 20 bilhões para este ano. Pequim compra armas e petróleo de Moscou, enquanto vende principalmente produtos da indústria leve.
Putin, depois de Pequim, visita Pyongyang, a capital da Coréia do Norte. Primeiro líder de Moscou a desembarcar no país, ele quer aumentar a influência do Kremlin no atual processo de distensão vivido na península coreana. A divisão entre o norte, comunista, e o sul, capitalista, sobrevive como uma das últimas heranças da Guerra Fria.


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