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"INIMIGO" COMUM
Putin chega à China para pressionar EUA
JAIME SPITZCOVSKY
ESPECIAL PARA A FOLHA
O presidente russo, Vladimir
Putin, chegou ontem a Pequim,
na sua primeira visita à China
desde que foi eleito, em março,
e com um claro objetivo: fortalecer a "parceria estratégica"
arquitetada para enfrentar a
hegemonia norte-americana.
A ofensiva sino-russa busca
agora protestar contra os planos dos EUA de instalar novos
sistemas de defesa antimísseis.
Mas a reaproximação Moscou-Pequim, em curso desde o
final da Guerra Fria, esbarra
nos modelos econômicos adotados pelos dois países. Eles dependem de capital estrangeiro
para oxigenar suas economias,
e uma confrontação mais acirrada com os EUA significaria
estrangular o vital fluxo de investimentos.
Os dois gigantes nucleares (a
Rússia é o maior país do mundo em território, enquanto a
China é o mais populoso do
planeta) querem, apesar de
suas limitações econômicas,
manter- e se possível, aumentar- sua influência no campo
da segurança internacional.
Putin e o presidente chinês,
Jiang Zemin, devem divulgar
um documento criticando as
recentes iniciativas dos EUA no
campo de defesa antimísseis.
Washington estuda a implantação de um novo sistema
chamado Defesa Nacional de
Mísseis, para proteger o país de
ataques terroristas ou de "Estados párias", como Coréia do
Norte e Iraque. O Pentágono
também quer instalar um mecanismo antimísseis para proteger suas tropas e seus aliados
na Ásia. As iniciativas norte-americanas quebram o atual
equilíbrio estratégico e vão iniciar uma nova corrida armamentista, argumentam Putin e
Jiang.
Os presidentes, em seu encontro de dois dias, vão também criticar o "mundo unipolar", referência à hegemonia
dos EUA.
O segundo ponto da agenda
trata de economia. China e
Rússia querem estimular o comércio bilateral, que somou
US$ 5,7 bilhões em 1999, longe
da meta de US$ 20 bilhões para
este ano. Pequim compra armas e petróleo de Moscou, enquanto vende principalmente
produtos da indústria leve.
Putin, depois de Pequim, visita Pyongyang, a capital da
Coréia do Norte. Primeiro líder
de Moscou a desembarcar no
país, ele quer aumentar a influência do Kremlin no atual
processo de distensão vivido
na península coreana. A divisão entre o norte, comunista, e
o sul, capitalista, sobrevive como uma das últimas heranças
da Guerra Fria.
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