São Paulo, sábado, 18 de julho de 2009

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Vídeo reforça elo das Farc com Rafael Correa

Gravação mostra leitura de carta em que líder morto de guerrilha cita doação à campanha de equatoriano

DA ASSOCIATED PRESS, EM BOGOTÁ

Um vídeo de uma hora de duração que a polícia encontrou no computador de uma suposta guerrilheira parece eliminar quaisquer dúvidas de que as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) doaram dinheiro à campanha eleitoral do presidente Rafael Correa, do Equador, em 2006.
O vídeo mostra o segundo em comando da guerrilha colombiana lendo carta do líder do movimento, Manuel "Tirofijo" Marulanda, morto no ano passado, que reconhece as contribuições à campanha de Correa.
O vídeo, fornecido à agência de notícias Associated Press por um funcionário do governo colombiano, dá mais peso às provas obtidas em documentos eletrônicos tirados de um acampamento rebelde destruído pelas Forças Armadas colombianas no Equador. Correa acusou a Colômbia de ter falsificado os documentos.
O promotor público colombiano Hermes Ardila, que comanda a unidade de combate ao terrorismo, confirmou que o vídeo foi encontrado em 1 dos 3 computadores apreendidos quando da detenção de Adela Perez, 36, "a mais importante integrante do secretariado das Farc em Bogotá".
A gravação deve complicar a já tensa relação entre Colômbia e Equador. O Equador rompeu as relações diplomáticas com a Colômbia depois que tropas colombianas invadiram seu território para atacar o acampamento das Farc.
As imagens mostram o segundo no comando das Farc, Jorge Briceño, lendo uma mensagem a combatentes das Farc, em uma clareira na selva.
Briceño começa por informar os combatentes sobre a morte de Marulanda, em 26 de março de 2008. Em seguida, discorre sobre a carta que ele escreveu dias antes de morrer. O texto enfatiza a importância estratégica de "manter boas relações políticas, amizade e a confiança junto aos governos da Venezuela e do Equador".
O documento descreve os "troféus de guerra" obtidos quando soldados mataram o número dois das Farc, Raúl Reyes, em uma incursão realizada em 1º de março de 2008 contra o acampamento que ele mantinha na selva equatoriana.
Marulanda lamenta que a Colômbia tenha capturado documentos que comprometem os rebeldes e seus amigos no exterior -Correa e o presidente venezuelano, Hugo Chávez.
"Os segredos das Farc foram completamente perdidos", lê Briceño. Entre os segredos estão "a assistência em dólares à campanha de Correa e as subsequentes conversações com seus emissários". O texto menciona "alguns acordos que são muito comprometedores com relação aos nossos amigos".
A carta não menciona a quantia doada, mas corrobora outros quatro documentos que Bogotá alega ter encontrado no laptop de Reyes. Os documentos discutem uma contribuição de pelo menos US$ 100 mil à campanha de Correa.
O ministro da Segurança do Equador, Miguel Carvajal, negou que o governo Correa tenha "recebido quaisquer contribuições das Farc, com as quais certamente não mantém nenhum acordo". Ele disse que, se for provado que o vídeo é autêntico, seu governo desejará saber com quem as Farc teriam estabelecido contato na campanha de Correa.


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